terça-feira, 14 de outubro de 2025

A polarização política e a atuação da Igreja

  Por Natan Costa Rodrigues[1]

I - Introdução

A Igreja de Cristo é sabidamente uma das mais antigas instituições do mundo. Desde o seu nascimento em Jerusalém, no dia de Pentecostes, ela se expandiu por todos os continentes, consolidando terminantemente o seu caráter transnacional e mundial.

Embora se constitua espiritualmente de um único corpo, encabeçado por Cristo, não raras vezes no correr da história, os homens tentaram amordaçá-la a determinados contextos ou circunstâncias temporais, as quais, por suas características próprias, são complexas, variadas e efêmeras.

Atualmente, enfrenta-se um caso similar. A polarização política, movimento de massas com potente força convergente, faz sucumbir a um de seus polos estabelecidos, direita ou esquerda, tudo o que se aproxima de seu horizonte de eventos. Tal é a sua prodigiosa gravidade, que parece arremeter para si até mesmo a Igreja!

Não quero aqui, no entanto, tratar das ideologias que a informam e nem de suas características, coisas que fiz em outro lugar, para onde remeto o leitor[2]. Mas, almejo analisar, especificamente, o lugar e a atuação da Igreja no contexto de uma tal conjuntura.

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Interesse e Ideologia: uma análise da polarização política brasileira


I - Introdução

A questão que nos propomos tratar de forma breve, diz respeito a vinculação existente entre os interesses e as ideologias, a origem da polarização política no Brasil e a forma como as ideologias atuam e interagem para formar o atual estado de coisas.

II – Breve histórico do termo “Ideologia” e sua vinculação ao “Interesse”

É conhecido o adágio popular, aliás, muito difundido atualmente, de que “interesses não tem ideologia[2]. Tal provérbio parte da constatação de que os interesses são sempre particulares, enquanto as ideologias são ideais teóricos, por vezes inalcançáveis, verdadeiras utopias. O defensor dessa ideia conclui afirmando que na seara da política, os purismos ideológicos devem ser evitados; deve imperar o pragmático, aquilo que resolve efetivamente as coisas.

Apesar da força persuasiva dessa percepção, estou convencido de que na realidade sucede quase o contrário, ou seja, que “não há ideologia sem interesse”.