Prof. Wanderson Diego
Introdução
Infelizmente, a inerrância das Sagradas Escrituras ainda é muito atacada pelos céticos e pelos teólogos liberais. Isto acontece por dois motivos: ignorância genuína e deturpação maliciosa.
O que acontece é que, a Bíblia de fato, contém algumas aparentes “contradições” (paradoxos) que leva a muitos a questionarem a sua inerrância. Nos últimos anos, um instituto científico norte-americano chamado The Reason Project (O projeto da razão) liderado pelo filósofo e neurocientista San Harris, conhecido também como um dos “quatro cavaleiros do Apocalipse”, fizeram um apontamento de supostas 439 "contradições na Bíblia". Todavia, através da interpretação bíblica e do domínio dos vernáculos, podemos refutar esta acusação.
Apesar das dificuldades interpretativas:
“A Bíblia continua sendo um texto uno na Verdade que é revelada por Deus.”
I- O que é inerrância bíblica?
Segundo o teólogo americano Paul Feinberg:
“Inerrância significa que quando todos os fatos forem conhecidos, as Escrituras em seus autógrafos originais e devidamente interpretadas serão mostradas como totalmente verdadeiras em tudo o que afirmam, seja isso relacionado à doutrina ou à moralidade ou às ciências sociais, físicas ou da vida.”
Ele quis dizer que os autógrafos originais da Bíblia, quando são devidamente interpretados de maneira correta, não possuem erros.
Considerações históricas
Apesar desta doutrina ser defendida na história da Igreja, nos últimos anos, ela vem sendo muito atacada. Jesus, os apóstolos e os pais da Igreja, a defenderam em seus dias. Durante a Reforma Protestante esta doutrina ganhou muita força (Sola Scriptura).
Um dos opositores mais famosos contra a doutrina da inerrância foi o biólogo britânico Charles Darwin. Apesar de ele não ser um teólogo, a sua teoria da “evolução das espécies” elencou muitos ataques à inerrância da Bíblia. Entretanto, a inerrância bíblica foi discutida também no meio teológico acadêmico. Os teólogos norte-americanos do século XIX, Benjamin Warfield e Charles Briggs discutiram se a Bíblia de fato é inerrante.
Briggs, negou veementemente a inerrância bíblica. Levando Warfield a levantar várias refutações. Nos anos 60, houve outro ataque à inerrância bíblica e este fato aconteceu em um seminário americano (Fuller Seminary Theological). Este seminário, por sua vez, retirou a doutrina da inerrância bíblica de sua grade curricular que resultou na saída de vários professores da instituição.
Em 1978, em Chicago, nos EUA, trezentos teólogos se reuniram e fundaram o Concílio Internacional da Inerrância Bíblica. Doravante, escreveram a famosa “Declaração de Chicago da Inerrância Bíblica”.
II- Inerrância Total x Inerrância Limitada
Inerrância Total
É a ideia de que a Bíblia está livre de erro em relação a qualquer assunto de que ela trata. Por ex: Pode ser a redenção, a história, fatos científicos, geográficos, etc.
Inerrância Limitada
É a ideia de que a Bíblia só estaria livre do erro no que diz respeito à mensagem da salvação. Seria um tipo de “inerrância soteriológica” ou “kerigmática”. Porém, em outros assuntos, a Bíblia estaria passível de erro: seja ciência, geografia, história, gramática e tudo o mais.
A Inerrância Limitada é perigosa
Na verdade, os modelos deste tipo de Inerrância, nada mais são do que “modelos de errância”. Ora, um copo “meio-cheio”, também pode ser conhecido como um copo “meio-vazio”. Se a Bíblia é Inerrante em partes, logo, ela seria um livro cheio de erros.
III- Motivos para crermos que a Bíblia é Inerrante
Usaremos quatro motivos usados por Paul Feinberg e ensinados por Norman Geisler em seu livro “Inerrância”.
Primeiro motivo: A Bíblia é um livro inspirado
Haja vista, muitos entenderem que inerrância e inspiração são a mesma coisa. Entendemos que a inspiração da Escritura é a inspiração completa da Escritura. O texto mais enfático sobre a questão em voga, é (2Tm 3,16)
“Toda Escritura é inspirada por Deus e útil [ώφέλιμος] ophélimos (proveitosa), para o ensino (fazer o certo), para a repreensão (não fazer o errado), para a correção (não permanecer no erro) e para a instrução na justiça (permanecer no certo)”.
O termo “inspiração” vem do gr.θέοπνηυστος [théopneustos] “sopro divino”. Isto nos leva a entender que a inspiração é ação divina que levou os homens a escreverem sob inspiração de Deus (2Pe 1,21). Logo, toda Escritura é um “discurso divino” (Gl 3.8,22) e (Rm 9.17). Algo é digno de nota. O texto é que foi inspirado e não a subjetividade dos autores. É algo que provém diretamente do Senhor.
A Bíblia não se torna inspirada quando fala com alguém, mas ela é inspirada porque Deus a inspirou. A Bíblia não se torna, ela de fato é! A Palavra de Deus! Tanto a forma, como o conteúdo da Bíblia é inspirado por Deus. A Bíblia foi escrita como Deus quis que fosse.
Segundo motivo: A Bíblia é uma mensagem de Deus
Em (Dt 13.1-5) e (Dt 18.20-22), com base nisto, a mensagem profética não deveria e não poderia ter erros. Com base nisto, isto prova a inerrância das Escrituras. Pois as profecias não poderiam conter erros. Este era o padrão profético. Toda mensagem profética não houve erros.
Terceiro motivo: A autoridade da Bíblia
Em (Mt 5.17-20), temos a referência sobre a autoridade das Escrituras. No vers.18, Jesus disse:
“ [...] enquanto existirem céus e terra, de forma alguma desaparecerá da Lei a menor (jota) letra ou menor traço (til), até que tudo se cumpra.”
Jesus deixa claro em sua fala hiperbólica que todos os “traços ou letras” permaneceriam fiéis até que tudo se cumprisse. Sendo assim, Jesus ratifica que todas as letras, palavras e texto das Escrituras são verdadeiros e inerrantes. Jesus acreditava até na “inerrância da vírgula”. Jesus era um “Inerrantista Pleno”.
Em (Jo 10.34-35), Jesus cita, na verdade, o (Sl 82.6):
“A Escritura não pode ser anulada.”
Isto fala da autoridade obrigatória da Escritura.
Quarto motivo: O uso das Escrituras
Em (Mt 12.41), é um exemplo do qual Jesus cita as histórias do A.T. e Ele as cita de forma real. Ou seja, as Escrituras confirmam pela própria Escritura que todas as histórias ocorridas, como, por exemplo, as do A.T., foram de fato histórias reais.
Neste texto, Ele quis dizer que a história de Jonas era verdadeira. Em (Mt 24. 37) Jesus tratou a história de Noé como uma história real. O N.T trata a história do A.T. como real.
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