terça-feira, 12 de outubro de 2021

O Atual Cenário Político e as Escolhas do Cristão

 

Por Natan costa Rodrigues[1]


1.    O CENÁRIO POLÍTICO ATUAL

 

O atual cenário político brasileiro possui uma forte tendência polarizadora. Diuturnamente os cristãos e demais cidadãos são surpreendidos com o apelo à tomada de uma posição fixa e irredutível. Geralmente os temas são colocados em pauta evidenciando duas posições opostas e conflitantes entre si. Tão logo são expostas à apreciação das mentes, esses temas são catalogados e alocados em uma das posições políticas predominantes: esquerda ou direita. A coerção à adesão a um dos lados é constante e fundamenta-se em uma aversão à neutralidade.

Enquanto posições políticas, direita e esquerda, parecem encerrar termos contrários e não meramente contraditórios. Daí a suposta impossibilidade de um meio-termo ou de uma outra posição mais válida.

Tais fatos induzem os cristãos, quase que naturalmente, a questionar qual a direção certa a tomar. A este respeito, um olhar atento às lideranças evangélicas, mostra que os dois lados estão abastecidos de líderes e militantes engajados na defesa de suas ideologias.

Voltando os olhos para os textos bíblicos, percebe-se igualmente a sua utilização praticamente indiscriminada por ambos os grupos, às vezes sem atenção ao contexto histórico ou literário das expressões. A guerra política, acomodou a interpretação do texto bíblico a essas firmes posições existentes.

Proponho nestas breves considerações proceder ao cumprimento de um dever tantas vezes recomendado nos púlpitos das igrejas, que é responder à seguinte indagação: o que Jesus faria?

De fato, a oposição entre o povo de Israel e Roma, parecia exigir que Jesus se posicionasse diante da situação. As pessoas queriam saber de que lado Jesus estava: Ele estava do lado de Israel ou do lado Romano? Ele integrava aquele conjunto de pessoas que corajosamente se opunham a Roma ou daqueles que eram chamados traidores, por se posicionarem ao lado dos que os dominavam? Seria Jesus um elemento neutro por decidir cumprir a missão que recebera do Pai? Será que a missão de Jesus recebeu, possuía algum proveito ou valor diante daquelas lutas e dificuldades que o povo atravessava no cotidiano?

 

2.    O CENÁRIO DA ÉPOCA DE JESUS

 

Olhando os textos bíblicos, vemos que Jesus também estava ladeado, durante os seus dias, de algumas agremiações e grupos aos quais poderia ter se filiado ou aderido. Vejamos quais eram esses grupos:

a)                  Fariseus - grupo formado pela elite rabínica de Israel, convenientemente apoiavam o governo Romano, embora houvesse alguns que questionassem a situação. Com relação à interpretação da Torá, mantinham uma posição legalista e ritualista do texto. Mantinham uma distância asséptica dos pecadores e samaritanos;

b)                 Saduceus – Juntamente com os Fariseus compunham o Sinédrio judaico. Eram mais livres na interpretação dos textos bíblicos da Torá, embora mantivessem posições extremadas em alguns pontos;

c)                  Revolucionários armados – eram grupos compostos de indivíduos que se opunham à dominação Romana e buscavam recuperar a independência de Israel. Uma listagem desses grupos aparece no livro de Atos, 5:36-37:

 

36 Porque antes destes (atuais) dias levantou-se Teudas, dizendo ele mesmo ser algum homem (grande e profeta); a quem foi ajuntado o número de cerca de quatrocentos varões; o qual (Teudas) foi morto, e todos quantos estavam crendo- obedecendo a ele foram dispersos e foram tornados em nada.

37 Depois deste, levantou-se Judas, o galileu, nos dias do alistamento, e atraiu- para- revolta muito povo em- seguimento- a si. Mas também este se fez perecer, e todos quantos estavam persuadidos por ele foram dispersos.

 

O fato de haver grupos armados e revoltados com a dominação Romana não deveria surpreender, visto que a nação de Israel detinha um destaque profético e escatológico. Sua submissão por gentios era especialmente odiosa.

d)     Romanos – o último grupo relevante era composto pelos dominadores.

 

3.    A REAÇÃO DE JESUS DIANTE DO ELENCO DE OPÇÕES POSTAS

      Vejamos se o Unigênito do Pai se bandeou para algum desses grupos, ou como Ele reagiu às investidas de cada um deles. A análise detida e refletida dos textos bíblicos permite afirmar com segurança que Cristo não se identificou com nenhum desses grupos. Vejamos:

a)  Jesus e os Fariseus – Os fariseus foram duramente criticados por Jesus por conta de sua hipocrisia e apego demasiado à letra da lei. Vemos nesse sentido, a dicção dos famosos “ais” no capítulo 23 do Evangelho segundo escreveu Mateus. Como todas as facções, os fariseus tentaram adequar Jesus às suas práticas, repreendendo o seu comportamento inconforme. Os fariseus questionaram o comportamento do Mestre:

 

Mt 9:11: E os fariseus, vendo isto, disseram aos seus discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores?

Lc 15:2: E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores, e come com eles.

 

A murmuração dos fariseus revela com clareza a tentativa de enquadrar a conduta do Mestre dentro de seu sistema de práticas. Jesus não cedeu. Sua posição foi inflexível. Ele estava cônscio de sua missão e estava agindo em conformidade com ela e com as escrituras, que a delimitava. Diferente dos Fariseus, Jesus cumpriu a íntegra da lei: Mt 5:17 – “Não suponhais que Eu vim abolir a Lei ou os Profetas: Eu não os vim abolir, mas cumprir”.

Em verdade, não obstante o Senhor concordasse com o que os Fariseus diziam, repudiava precisamente a hipocrisia que adornava os seus atos, visto que glorificavam a Deus somente com os seus lábios, estando o seu coração totalmente desviado.

b)  Jesus e os Saduceus – Em meio a intensos debates Jesus repreendeu a hermenêutica bíblica errônea dos saduceus, e expôs a sua frágil posição:

 

Mt 12:18-27: 18 Depois chegaram os saduceus, que pregam não haver qualquer ressurreição, com a seguinte questão:

19 “Mestre, Moisés nos deixou escrito que, se um homem morrer e deixar sua esposa sem filhos, seu irmão deverá se casar com a viúva e gerar filhos para seu irmão.

20 Ora, havia sete irmãos. O primeiro casou-se e faleceu sem deixar filhos.

21 Então o segundo desposou a viúva, mas também morreu sem deixar descendentes. O mesmo ocorreu com o terceiro.

22 E, dessa forma, nenhum dos sete irmãos deixou filhos. Finalmente, faleceu também a mulher.

23 Na ressurreição, de quem essa mulher será esposa, haja vista que os sete irmãos foram casados com ela?”

24 Então Jesus os admoestou: “Não é sem motivo que errais tanto, pois não compreendeis as Escrituras nem o poder de Deus!

25 Quando os mortos ressuscitam não se casam mais, nem são dados em casamento. Pois se tornam como os anjos nos céus.

26 A respeito da ressurreição dos mortos, ainda não tendes lido no livro de Moisés, no texto referente à sarça, como Deus lhe declarou: ‘Eu Sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó?’.

27 Ora, Ele não é Deus de mortos, e sim o Deus dos vivos!’. Estais absolutamente enganados!”.

 

Os Saduceus, embora convictos de sua interpretação bíblica, não encontraram outro meio, senão retirar-se e deixar Jesus Cristo em paz. Nosso Mestre nesse episódio mostrou que estava alinhado com o que bíblia ensinava e recomendava, mesmo em textos que, aparentemente, só pareciam indicar uma dada interpretação.

c)   Jesus e os Revolucionários – Este foi o grupo no qual mais tentaram enquadrar o Cristo. Em verdade, mesmo hoje inúmeras pessoas pensam que Jesus foi algum tipo de revolucionário ou militante de causas sociais. Os próprios discípulos cuidavam que Ele lhes daria a restauração do Reino a Israel, libertando-os da opressão Romana, vide Mt 26:51-54[2]. Veja a inquietante pergunta dos discípulos em Atos 1:6:

 

6 Então, os que se haviam reunido lhe consultaram: “Senhor, será este o tempo em que restaurarás o Reino a Israel?”

 

A resposta de Cristo foi que o Pai possui o seu próprio cronograma, e não cabia aos discípulos o seu conhecimento. Em verdade, Jesus sabia bem o peso da dura opressão de Roma sobre Israel, tendo previsto o cerco e a tomada de Jerusalém[3]. Por que então quedou-se inerte a esse respeito? Por que não pegou em armas para lutar, ou então porque não comandou um grupamento de homens para tomar o poder? A resposta é simples: não era essa a sua missão.

d)  Jesus e os Romanos – O grupo composto pelos dominadores tampouco entendeu a missão de Jesus. Eles pensavam tratar-se de mais um sublevador. Pilatos o interroga:

Jo 33 Tornou, pois, a entrar Pilatos na audiência, e chamou a Jesus, e disse-lhe: Tu és o rei dos judeus?

34 Respondeu-lhe Jesus: Tu dizes isso de ti mesmo ou disseram-to outros de mim?

35 Pilatos respondeu: Porventura, sou eu judeu? A tua nação e os principais dos sacerdotes entregaram-te a mim. Que fizeste?

36 Respondeu Jesus: O meu Reino não é deste mundo; se o meu Reino fosse deste mundo, pelejariam (lutariam) os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas, agora, o meu Reino não é daqui.

37 Disse-lhe, pois, Pilatos: Logo tu és rei? Jesus respondeu: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.

 

Jesus uma vez mais, cingiu-se firmemente à missão recebida do Pai. As escrituras deveriam se cumprir para o bem de toda a humanidade e para que os seres humanos alcançassem a salvação.

Essa mesma atitude de Cristo poderia ser dita de qualquer outra posição política, filosófica ou religiosa que lhe fosse ofertada. Vemos, por exemplo, que Jesus rejeitou a intriga histórica que se estabeleceu entre Judeus e Samaritanos. Ele não tomou parte em nenhum dos lados conflitantes: para Ele não havia razão suficiente para existir um conflito como aquele[4]. Igualmente, Jesus rejeitou opor-se à odiosa cobrança de impostos feita por Roma. Ele separou o que deve ser dado a Deus do que deve ser dado à César[5]. 

 

4.    A POSIÇÃO TOMADA POR JESUS CRISTO

 

Ante o exposto, qual foi a atitude que Jesus tomou? Novamente um exame das escrituras permite concluir que Jesus escolheu a missão que recebeu do Pai como a sua meta de vida e o propósito de sua própria existência:

 

Jo 4:34 Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra.

Jo 18:37 Disse-lhe, pois, Pilatos: Logo tu és rei? Jesus respondeu: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz. (grifou-se)

 

Os evangelhos mostram um Jesus intransigente no cumprimento integral do que as escrituras diziam a seu respeito. O vemos censurar Pedro, quando este tentou dissuadi-lo de ir morrer em Jerusalém[6]. Ele mostrou intensa convicção de sua missão e o firme propósito de cumpri-la cabalmente. E quando finalmente a cumpriu, o fez de forma explícita:

 

Jo 19:30 E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.

 

Jesus tinha um lado bem definido e delimitado:

a)  Seu compromisso: a missão recebida do Pai;

b)  A base para as suas ações e atitudes: as escrituras judaicas da época. Cada atitude de Jesus era baseada em uma profecia ou buscava cumprir toda a justiça do Reino de Deus, assim como toda a Torá. Ele sabia os próximos passos que ia dar e que profecias ou escrituras esses passos estariam cumprindo; 

c)   O julgamento dos seus atos: o próprio Jesus se avaliava. Ele verificava se o modo como agia estava de acordo com o que as escrituras haviam predito ou ensinavam. Ele, por exemplo, enfatizava a prevalência da misericórdia sobre o sacrifício como um ensino claro das escrituras, e buscava agir de acordo com essa máxima;

d)   A quem Ele buscava agradar: como o próprio Jesus exprimiu, Ele não buscava agradar a homens, mas a Deus, o seu Pai;

Jesus considerava a sua posição a mais importante, senão a única que de fato importava, e buscou repassar precisamente isso para os seus discípulos. Isso não significava uma busca de isenção por parte de Cristo, pelo contrário, Jesus estava intimamente comprometido com os negócios de seu Pai[7].

Esse comprometimento integral de Cristo com a salvação de todos os seres humanos, impediu que Ele colhesse os seus discípulos de apenas uma das facções existentes na sua época. Temos entre os seus discípulos: pescadores, fariseus e mestres da lei, publicanos, prostitutas, ladrões, homens de reputação ilibada, mulheres ricas e de posição, etc.

Após Cristo ascender aos céus, os discípulos avaliavam a vida e as obras do nosso Salvador a partir do que as escrituras falavam dEle[8]. Os discípulos não tentaram enquadrar Jesus em nenhum pensamento ou corrente teórica do seu tempo. Com efeito, o que Jesus fez, ou deixou de fazer, disse ou não disse, só pode ser corretamente avaliado a partir do que dEle está escrito nas escrituras. Os discípulos possuíam a certeza que constituíam um grupo distinto dos demais, e buscavam orientar-se pelas instruções de Jesus e pelo que estava escrito nas escrituras. Assim também o cristão, em suas ações, deve ser pautado e julgado pela missão que recebeu de Cristo e que está descrita na Bíblia.

Obviamente, o fato de Jesus ter tomado essa posição não o tornava neutro ou mesmo alheio às dificuldades que o povo e a nação atravessavam. Na verdade, Jesus sempre encarava as situações boas ou ruins que lhe sobrevinham a partir do seu propósito de vida, isto é, com a verdade que Ele possuía e encarnava[9] [10].

Vejamos a seguir como Cristo lidou com essas questões sociais que o ladeavam.

 

5.    JESUS E AS CIRCUNSTÂNCIAS SOCIAIS DE SUA ÉPOCA

 

Jesus conhecia de perto as dificuldades econômicas que os Judeus de seus dias atravessavam. Entretanto, Ele reconhecia que fazer a vontade de Deus e buscar o seu Reino e a sua justiça eram a maior prioridade[11]. O Senhor não permitiu que as duras condições sociais ofuscassem ou sobrepujassem a sua prioridade, que era pregar o Evangelho de arrependimento e perdão dos pecados a todos. Em meio às necessidades materiais, Jesus identificou que havia uma necessidade essencial e superior nos homens, e buscou supri-la acima de qualquer outra[12].

De igual modo, Ele não permitiu que os costumes administrativos dos governantes da época penetrassem na constituição do seu reino ou orientassem o comportamento dos seus discípulos[13]. Os padrões de conduta e comportamento do Reino de Deus são sui generis, tem como suporte as escrituras e como propósito o pleno cumprimento da vontade de Deus.

Em vista disto, Jesus alimentou os famintos e curou inúmeros doentes, recuperou pessoas que estavam alijadas do convívio social, como prostitutas e ladrões, publicanos e fariseus, Samaritanos e Judeus[14]. Jesus orientou e repreendeu as autoridades quanto à prática da justiça e também esclareceu como se daria a hierarquia e serviço no Reino de Deus. A sua missão e as escrituras lhe impunham isso.

Concluindo, o Senhor estabeleceu claramente uma hierarquia aplicável às necessidades humanas:

a)                 Primeiro deve-se buscar o Reino de Deus e a sua Justiça. Quanto às demais coisas, estas serão acrescentadas;

b)                O homem deve acumular tesouros nos céus, onde a traça e a ferrugem não consomem, nem os ladrões minam e roubam[15]. Este ensino de Cristo, tem sido um dos motivos pelo qual o cristianismo tem sido quase que completamente banido de movimentos revolucionários, visto que a conquista do poder e das riquezas é algo primaz nesses movimentos;

c)                 Jesus ensinou a paz, o amor e a conciliação como regras de convivência. Ele ensinou a amar os inimigos e a orar pelos que perseguem os outros. Ele ensinou a vencer o mau com a prática do bem.[16] Esses ensinos de Jesus permitiram um deslocamento do foco de combate: a guerra dos filhos de Deus não mais deve ser contra a carne e o sangue, mais sim contra principados e potestades nas regiões celestiais[17];

d)                Jesus proibiu que o amor e a caridade ficassem adstritos somente aos membros de um mesmo grupo[18]. Com efeito, devemos amar até os nossos inimigos para sermos considerados Filhos de Deus. O amor enquanto base da verdadeira vida cristã deve ser amplo e sincero, provindo diretamente do agir do Espírito Santo no coração do crente[19];

Com efeito, o Evangelho de Cristo possui em seu bojo uma perfeita combinação dos elementos da justiça e do amor, da misericórdia e do arrependimento, do perdão e da repreensão, da aceitação e da transformação, das necessidades humanas e da providência divina, do reino dos homens e do Reino de Deus, do nascimento segundo a carne e do nascimento segundo o Espírito, etc.

Jesus Cristo não abriu mão da verdade de que estava imbuído. Ele repreendia os que estavam em pecados, e buscava convertê-los ao Evangelho, orientando-os a não mais pecarem[20] [21] [22]. A noção de pecado era e é vital ao Evangelho pregado por Jesus: sem pecado, não há de que o homem possa se arrepender, e sem arrependimento não há verdadeira conversão, nem novo nascimento, sem o qual não há verdadeira salvação. Após a ascensão do Mestre, os discípulos continuaram a pregar esta mesma mensagem[23].

Diante disto, a fixação do que era e é certo e do que era e é errado estava na base do que jesus pregava e ensinava. Ele reprovou duramente o divórcio e o adultério, assim como o homicídio e mesmo o ódio homicida[24]. Condenou a mentira e o pai da mentira[25]. Jesus corrigiu equívocos de interpretação bíblica e falsos ensinos encontrados nas demais posições, conforme já foi demonstrado. De igual modo, Ele esclareceu reiteradas vezes a natureza da sua missão e o seu propósito de ter vindo à Terra[26]. Esses esclarecimentos tornavam a sua posição bem evidente e definida, e impedia que Ele fosse enquadrado em qualquer outra facção ou grupo da época. Por conta disto, os seus discípulos estavam também completamente seguros do que, exatamente, justificou a manifestação da vinda do Mestre e por conseguinte, eles sabiam qual era a sua própria missão[27].

 

6.    JESUS COMO CIDADÃO DO SEU TEMPO

 

Jesus, em tudo, foi um exemplo para nós, e neste ponto não seria diferente. Todo autêntico e exemplar cidadão pode ser avaliado a partir do cumprimento dos seus deveres: a) civis; b) morais e; c) legais. Vejamos como se deu a conduta de Jesus em cada uma dessas esferas.

a)  Deveres civis – à época uma das principais obrigações civis era o recolhimento dos impostos, o que conforme já exposto alhures, a Bíblia mostra com clareza que Jesus cumpriu. Um outro dever civil importante era o devido respeito e tratamento às autoridades. As escrituras mostram um Cristo submisso e calado[28], a ponto das autoridades se admirarem e algumas concluírem pela sua inocência[29];

b)  Deveres morais – na esfera moral, as escrituras mostram um homem de conduta irretorquível e ilibada. Embora pesasse sobre Ele a acusação de comilão e beberrão, tal fato fora adequadamente expurgado e esclarecido[30]. Jesus participava de eventos sociais, como casamentos e jantares em casas de homens de posição, ou ainda na casa de pessoas mais pobres, contudo, em qualquer dessas ocasiões, conforme já exposto, mantinha o foco na sua missão e buscava cumpri-la no recinto onde estava;

c)   Legais – Jesus cumpriu as legislações da época. No que tange ao Judaísmo, temos que Jesus cumpriu integralmente a Lei Mosaica, inclusive no seu sentido mais profundo. Com relação às leis do Império, Cristo não praticou e nem comandou nenhuma revolta ou rebelião, nem mesmo tentou negociar o poder com os que o detinham[31]. Ele sabia que toda a autoridade e poder provinham de Deus[32], bem como que o seu Reino não era daqui. O vemos inclusive admoestar as autoridades que cumprissem as leis e praticassem a justiça[33]. Jesus respeitou o poder temporal constituído, embora não concordasse com o estilo de liderança e o modo de servir. Por outro lado, Jesus não aderiu à pressão das classes mais humildes para ascender ou tomar o poder. Jesus, portanto, era um cidadão exemplar, cumpridor das leis civis e religiosas da época[34].

Esse fato, não autoriza, entretanto, a conclusão de que a obra de Cristo fosse inócua ou sem nenhuma significação para a sociedade. Pelo contrário, o impacto da pregação evangelística de Jesus, tem sido sentido até hoje e, de fato, o cristianismo tem sido o maior marco civilizatório da humanidade.

A contribuição de Jesus para a sua época e para os seus contemporâneos, enquanto cidadão de seu tempo, foi a pregação do Evangelho e o seu exemplo de vida. Tal como uma hecatombe, a exposição das doutrinas por Cristo promovera uma reforma radical no entendimento dos homens.

A pregação do Evangelho, portanto, possui forte impacto social, na medida em que transforma os homens segundo a imagem Cristo, impelindo-os à prática das boas-obras, do amor desinteressado e não fingido, das virtudes primeiras da convivência social, da busca e prática da perfeita justiça, do julgamento justo e não segundo a aparência.

Conclui-se, portanto, que Jesus desempenhou um importante serviço, quiçá o maior serviço já feito à sociedade, contudo, esse serviço era apenas uma faceta da missão que Ele recebera. Jesus curou enfermos e saciou a fome de famintos, não porquê possuía uma ideologia política qualquer, mas sim por que recebeu essa missão do Pai. O seu serviço social em favor de todos, não consistia em uma estratégia política para alcançar ou destituir o poder constituído ou ainda para promover uma determinada classe ao poder temporal, era antes fruto de sua natureza amorosa e compassiva, do seu absoluto comprometimento com a sua missão salvífica.

 

7.    O QUE O CRISTÃO DEVE FAZER?

 

À luz de todo exposto, talvez ainda não saibamos o que responder à questão formulada acima. Vamos então de forma ordenada construir uma resposta.

Em primeiro lugar, é preciso saber se nós, à semelhança de Cristo, recebemos uma missão e um propósito de vida estabelecidos por Deus. In casu, assim como Jesus buscava nas escrituras o sentido, direção e propósito da sua vida, de igual modo nós devemos proceder. Nesse sentido, as escrituras ensinam com clareza que nós recebemos uma missão e uma incumbência do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Vejamos:

a)                 Fomos, juntamente com os primeiros discípulos, comissionados a pregar o Evangelho a toda criatura:

 

Mc 16:15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.

Jo 17:18-22 Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. 19 E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade. 20 E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que, pela sua palavra, hão de crer em mim;21 para que todos sejam um, como tu, ó pai, o és em mim, e eu, em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. 22 E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um.

Jo 20:21 Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco; Assim como o pai me enviou, também eu vos envio a vós.

 

b)  Temos a missão de testemunhar de Cristo, e esse testemunho envolve o nosso comportamento e procedimento:

 

 2 Co 3: 2-3 Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens, 3 porque [já] é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós e escrita não com tinta, mas com o espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração.

Ef 4:1 Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados,

 

Uma vez cônscios da nossa missão, devemos reconhecer nela, a razão da nossa existência. Os apóstolos se referiam a essa missão, como uma soberana e celestial vocação. Fomos vocacionados para cumprir um ministério que nos foi dado por Deus, ou melhor, para o cumprimento desse ministério nós fomos alcançados por Deus.

Em segundo lugar, é preciso avaliar as opções que nos são apresentadas, e verificar se elas estão de acordo com o ensino das escrituras, mormente a doutrina preconizada por Jesus. Isso nos permitirá detectar as eventuais distorções, falácias e mentiras desses movimentos. Lembremos que Jesus não se adequava às facções de sua época, mas sim corrigia os seus falsos ensinos e os seus falsos ensinadores, mostrando com mansidão a verdade.

Em terceiro lugar é importante saber que no Evangelho todas as necessidades humanas estão contempladas, mas devem obedecer à hierarquia ensinada por Jesus.

A seguir é crucial que tenhamos em evidência que queremos agradar a Deus e que vivemos para Ele e não para os homens. Deus tem lado e tem vontade também. O Evangelho não é um espaço neutro. Agradar a Deus tem uma significação maior.

Por conseguinte, a nossa missão é a mais nobre e importante de todas. É a que traz os melhores e mais duradouros benefícios aos homens. É a vontade de Deus para o homem.

No que tange a fazer o bem ao próximo, ajudar os mais pobres, restaurar os cativos à liberdade, etc., todas essas coisas são obras contempladas no Evangelho e no modo de vida do Cristão. É desnecessário o cristão lançar mão de ideologias políticas ou filosóficas para fazer o bem ao próximo. Vejamos o porquê:

a)                 As boas-obras foram preparadas de antemão para que andássemos nelas. São, portanto, anteriores a qualquer ideologia humana[35];

b)                Quando as boas-obras são praticadas como fruto de uma ideologia, se tornam meras estratégias do jogo de poder, do jogo político e dos interesses econômicos dos seres humanos. Neste caso, essas obras não agradam a Deus, visto que as pessoas ajudadas são convenientemente usadas para toda sorte de ajustes mesquinhos;

c)                 As boas-obras como frutos de uma ideologia, pressupõem um indevido manejo do bem e do mal pelos homens. Ninguém é senhor da verdade ou dos fatos, para estabelecer o que é verdadeiro ou bom ou o que é mal ou errado: estas coisas pertencem a Deus que as estabeleceu desde a eternidade[36] [37];

d)                As boas-obras são a essência da verdadeira religião e, portanto, do verdadeiro servir a Deus[38]. Ideologias ateístas não podem fornecer verdadeira religião, ou verdadeiro serviço a Deus, embora constituam também uma profissão de fé. As boas atitudes ali semeadas, por vezes, destinam-se a esvaziar o discurso religioso e a destruir o Nome de Deus;

e)                 As boas-obras constituem um dever de todos os homens, e isso não deriva de nenhuma imposição ideológica, mas sim de um mandamento divino[39]. O ser humano foi criado para fazer o que é bom e justo.

Devemos ter em mente a seguinte convicção: a de que, ao pregarmos o Evangelho e exercermos o amor cristão, estamos fazendo demonstração do que é verdadeiramente bom, assim como estamos prestando a verdadeira ajuda que os seres humanos necessitam.

Por fim, é importante assinalar, visto que somos Cristãos, que temos uma função essencial a ser desempenhada no mundo:

 

Mt 5:13-14:  Vós sois o sal da terra; e, se o sal for (se fizer) insípido, (Gr. moranthe: desvanecido, ou dissipado) com que se há de salgar? Para nada mais presta, senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens.

Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada (fundada) sobre um monte; (Gr. oros: uma montanha alta) nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas, no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso pai, que [está] nos céus.

 

A função do cristão no mundo só é relevante, se ele seguir os mandamentos de Cristo e cumprir o seu serviço de crente. Portanto, imbuídos dessas certezas, devemos defender e viver a verdade presente no Evangelho que Jesus nos deixou, evitando os embaraçosos enganos presentes em movimentos facciosos, políticos, partidários ou ideológicos.

Devemos ter claro e evidente em nossa mente, os desvios doutrinários desses movimentos, afim de não aquiescer com eles, mas sim reprova-los. Outrossim, devemos reconhecer também os acertos de ensinos presentes nessas facções[40], promovendo o encaminhamento necessário dos seus membros à ultimação da verdade.

Não obstante, não devemos ignorar os engodos e sutilezas de líderes e autoridades que presidem esses movimentos. Com efeito, o nosso Senhor várias vezes foi posto à prova com perguntas capciosas formuladas por pessoas acima de qualquer suspeita. As escrituras mostram que tentaram apanhar o Senhor em alguma falha relacionada a sua linguagem e ao seu procedimento.

 

Mt 22:16-18 16 Então, mandaram-lhe seus seguidores juntamente com alguns herodianos, que lhe questionaram: “Mestre, sabemos que és íntegro e que ensinas o caminho de Deus, de acordo com a verdade, sem te deixares induzir por quem quer que seja, pois não te seduzes pela aparência das pessoas. 17 Sendo assim, dize-nos: que te pareces? É correto pagar impostos a César ou não?” 18 Contudo, Jesus percebeu a má intenção deles e replicou-lhes: “Por que me tentais, hipócritas? (grifou-se e sublinhou-se)

 

Notemos que a atitude de Cristo, foi a de expor a malícia dos seus opositores, e dar-lhes uma resposta à luz dos princípios bíblicos que norteiam o governo humano.

Eles cuidavam que Jesus fosse um subversivo ou cúmplice da opressão de Roma, como muitos hoje desejam que ele fosse. Desejavam que Jesus Cristo se posicionasse em um grupo, afim de que lhe imputassem as acusações que se faziam ao grupo a que Ele aderisse. Ele não aderiu a grupo nenhum: o povo não se irritou por que Ele disse que o imposto devia ser dado a César, e nem os Romanos ficaram satisfeitos por que Ele disse que o que era de Deus também devia ser dado.

 Nesse sentido, devemos estar preparados para responder com mansidão acerca da nossa posição e missão, atendendo com vigilância e sobriedade à astúcia e sutileza dos que resistem à verdade presente no Evangelho.

 

8.    O CRISTÃO E A POLÍTICA

 

Seria correto à luz de toda esta exposição concluir que o cristão jamais deva concorrer ou ocupar um cargo político? Organizemos as ideias à luz da revelação bíblica:

a)  O exercício dos cargos políticos são atividades humanas lícitas. Assim como outras atividades do homem, o governo humano reveste-se de um caráter especial, sendo mesmo uma instituição divina. Com efeito, não há um único texto na bíblia que afirme que a política seja algo perverso ou ruim. As escrituras afirmam que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males[41], e não a política.

b)  O cristianismo não aboliu e nem pretende abolir as atividades humanas lícitas. Vemos que mesmo após convertidos, os cristãos continuaram a exercer os seus misteres habituais. Pedro continuou a pescar; Zaqueu continuou a cobrar impostos; Lucas continuou a exercer a medicina. O próprio Cristo acompanhava os seus discípulos em seus trabalhos e os ajudava no resultado dos seus labores. Vemos que Paulo e João Batista, evangelizaram homens que exerciam cargos públicos, e a tônica das suas pregações não era que abandonassem esses cargos, mas sim que os exercessem com justiça;

c)   Os cristãos, portanto, podem ocupar e exercer cargos políticos. De fato, a Bíblia proíbe, o roubar, prostituir, furtar, matar, mentir e outros elencos de obras da carne, porém as atividades lícitas são recomendadas. O cristianismo tem relação, primeiramente com a regeneração e transformação do caráter do homem pelo novo nascimento, e não com a extinção do trabalho útil à sociedade. Desejar pôr um fim a atividade política é ignorar a natureza gregária dos seres humanos e a sua própria organização em sociedade.

Diante disto, somente a ignorância acerca do próprio cristianismo pode justificar a conclusão de que o cristão não pode exercer ou ocupar cargos públicos e políticos.

9.    CONCLUSÃO: MILITÂNCIA POLÍTICA DO CRISTÃO OU MILITÂNCIA DO CRISTÃO NA POLÍTICA?

 

É cediço que a Bíblia não é um livro exaustivo. Enquanto revelação divina, ela destina-se ao repasse da verdade suficiente para a nossa salvação. Não obstante, a Bíblia fornece diretrizes para a tomada de decisões nos mais variados aspectos da nossa vida. Na política não é diferente. Conforme exposto, a vida de Jesus narrada nas escrituras, fornece parâmetros seguros para a tomada de algumas decisões. Vejamos inicialmente o conceito do vocábulo militante.

Dentre os vários significados possíveis, um que serve ao presente propósito, consta do Dicionário Aurélio: “Membro ativo na defesa de uma causa”. Essa causa naturalmente pode ser qualquer uma: política, social, estudantil, ambiental, religiosa, etc.

A militância pode se dar em qualquer esfera, mas quando ocorre no âmbito da política, costuma designar o ativismo. O ativismo reduz a realidade a própria atuação ativista, ou seja, viver é agir, segundo e em prol daquela causa. O reducionismo presente na essência do ativismo, demonstra que ele não se mostra a escolha mais viável ao cristão, visto que implicaria no comprometimento integral do cristão com outra causa. O Cristão não pode servir a dois senhores[42].

Antes de prosseguir é preciso discernir duas situações:

a) Militância Política do Cristão – entendo ser aquela que deve ser exercida por todos os cristãos que ocupam cargos políticos (prefeitos, vereadores, deputados, etc.);

b) Militância do Cristão na Política - é a que deve ser exercida por aqueles cristãos que não ocupam cargos políticos (demais cidadãos cristãos).

Primeiramente é preciso esclarecer que o crente é, sobretudo, um militante da obra do Evangelho, e isto é suficientemente exposto nas escrituras. As armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus. A nossa causa é a causa do Evangelho: este é o nosso bom combate.

Ante essas considerações, a militância política é lícita aos crentes, porém pode não ser conveniente a alguns crentes, especialmente aos que militam na exposição da Palavra. Vejamos o exemplo que os apóstolos nos legaram em uma dada situação:

 

At 6:2-4 2 Então, os Doze reuniram todos os discípulos e propuseram: “Não é sensato negligenciarmos o ministério da Palavra de Deus, a fim de servir às mesas. 3 Portanto, irmãos, escolhei dentre vós Sete homens de bom testemunho, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste ministério. 4 Quanto a nós, nos devotaremos à oração e ao ministério da Palavra. (grifou-se)

 

Ante o exposto, é cediço que um ministro da Palavra pode exercer um cargo político, porém, embora não sendo um pecado, não se mostra o mais sensato. Ademais, um ministro da Palavra pode, segundo penso, militar na seara política, sem exercer um cargo político, sendo isso um nobre mister.

Isto é possível, visto que à luz do texto precitado, mostra-se necessário que haja missionários especialmente vocacionados ao evangelismo no âmbito dos estamentos políticos, porém o seu foco ali, ainda é a causa do Evangelho. É que, aonde há seres humanos, há também a necessidade de que o evangelho seja pregado, e de que, ali, a exposição da Palavra surta os efeitos esperados.

Considere-se ainda a existência de uma militância que surge para todos os indivíduos, cristãos ou não, e que impacta diretamente o campo político. É sabido que há determinados valores, que devem ser cultivados, não por uma dada imposição religiosa, mas por um dever natural. Cuidam-se de valores atemporais, escritos por Deus nos corações dos seres humanos e por isso revestidos de um caráter essencial a toda a sociedade[43].

Essa plêiade de valores não é exclusiva de uma dada religião, mas constituem aquele substrato valorativo universal que serve de fundamento à busca do bem comum. O cristão, assim como todos os demais indivíduos, possui a incumbência de defende-los e ensiná-los aos demais.

Isto dito, ressalta-se que a política, a família, a escola, e outras instituições da sociedade, constituem os locais onde se reproduzem esses valores, devendo por isso receber especial atenção dos cristãos. A tarefa dos crentes, deve ser a de um pregador da justiça, aos ocupantes desses locais. Com efeito, o cristão deve chamar os governantes à prática da justiça e das boas-obras, velando para que os valores vitais da sociedade permaneçam incólumes.  

Neste corolário, é essencial que o cristão possua uma visão clara e correta desses valores, afim de corrigir, repreender e exortar corretamente aos ocupantes de cargos públicos. Essa militância do cristão na seara política é positiva e necessária. Cuida-se de ofício de caráter profético.

Alguns valores que devem ser defendidos pelo cristão são: a liberdade ou livre-arbítrio humano, o igual valor de todos, o respeito mútuo, a paz, a misericórdia, o exercício das boas-obras, a justiça, a submissão e respeito às autoridades, o respeito aos mais velhos, a proteção de crianças, idosos e deficientes, o casamento monogâmico, a pureza, o pudor, a honestidade, etc.  

Ademais, para o cristão, uma militância política ou no âmbito da política, só fará sentido e será justificada, se for em vista do interesse de toda a sociedade, e não de seus interesses pessoais. Com efeito, a essência do cristianismo, enquanto religião, é o servir ao próximo de forma sacrificial e amorosa: fora disso, só resta a odiosa hipocrisia.

Por fim, é preciso compreender que o atuar do cristão é o atuar da igreja, visto que nós somos o templo e morada do Espírito Santo de Deus. Não obstante, enquanto cidadãos de uma dada época, temos que cumprir os nossos deveres cívicos, desde que guardem compatibilidade com a nossa missão como igreja edificada por Jesus, ou seja, o nosso dever como cidadão está subordinado ao nosso dever como igreja de Deus. Como novas criaturas, agimos orientados a partir de outras prerrogativas e interesses: interesses do Altíssimo, prerrogativas celestiais! A nossa manifestação no mundo é a manifestação do Evangelho e do seu poder. É a manifestação da Igreja eleita e redimida, do seu cuidado na edificação dos santos, na exposição da Palavra, na prática das primeiras obras e da virtude. Esta manifestação pode e deve ocorrer em qualquer lugar ou ambiente da sociedade por meio de nós que recebemos essa incumbência do Pai. Lembremos que os discípulos, após a morte e ressureição de seu mestre Jesus, poderiam ter sido identificados como Fariseus, Saduceus, Revolucionários ou qualquer outra seita, porém foram identificados como Cristãos.

Amem!

 

 


[1] Servo de Jesus Cristo.

[2] 51 E eis que um daqueles apóstolos que estavam com Jesus, havendo estendido a sua mão, sacou sua espada e, havendo ferido o escravo do sumo sacerdote, (nisto) cortou fora a sua orelha (direita). 52 Então lhe diz Jesus: "Retorna a tua espada para dentro do seu lugar; porque todos aqueles havendo pegado da espada, à espada far-se-ão perecer. 53 Ou pensas tu que não posso Eu, agora, orar ao Meu Pai, e Ele não porá ao Meu lado mais de doze legiões de anjos?  54 Como, pois, serem cumpridas as Escrituras, que dizem que assim é necessário acontecer?"

[3] Lc 19:42-44: 42 e proclamou: “Ah! Se tu compreendesses neste dia, sim, tu também, o que traz a paz! No entanto agora isto está encoberto aos teus olhos. 43 Virão dias em que teus inimigos te cercarão de trincheiras e, por todos os lados, te ameaçarão, apertando o grande cerco contra ti. 44 Também lançarão por terra, tu e os teus filhos que estão dentro de ti. Não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não reconheceste a maravilhosa oportunidade que tiveste com a visitação de Deus!” Os profanadores da Casa de Deus

[4] Veja o capítulo 4 do Evangelho segundo escreveu João.

[5] Mc 12:14-17 E, ao se aproximarem, lhe questionaram: “Mestre, sabemos que és verdadeiro e que não te deixas influenciar por ninguém, pois não te impressionas com a aparência exterior das pessoas, mas ensinas o caminho de Deus em conformidade com a mais pura verdade. Assim sendo, diga-nos, é lícito pagar imposto a César ou não?15 Devemos pagar ou podemos nos recusar?” Jesus, porém, conhecendo o quão hipócritas estavam sendo, lhes inquiriu: “Por que me tentais? Trazei-me um denário para que Eu o examine!”.16 E eles lhe trouxeram a moeda, ao que Ele lhes indagou: “De quem é esta imagem e esta inscrição?” “Ora, de César”, replicaram eles. 17 Então Jesus lhes asseverou: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus!” E todos ficaram pasmos com Ele.

[6] Mt 16:22-23: 22 E Pedro, tomando-o de parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Senhor, [tem] compaixão de ti; de modo nenhum te acontecerá isso. 23 Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Arreda-te de diante de mim, Satanás, [ que ] me serves de escândalo; porque não compreendes ( consideras ) as [ coisas ] que [ são ] de Deus, mas [ só ] as que [ são ] dos homens.

[7] Lc 2:49 E ele lhes disse: Por que é que me procuráveis? Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?

[8] Co 15:3-4 Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, 4 E que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.

[9] Mt 8:16-17 E, chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados, e ele com a sua palavra expulsou [deles] os espíritos, e curou todos os que estavam enfermos; 17 Para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: Ele tomou [sobre si] as nossas enfermidades, e levou as [nossas] doenças.

[10] Mt 15:24 E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.

[11] Mt 6: 33, Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas [coisas] vos serão acrescentadas.

[12] Jo 6:27,35 Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou. 35 E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede.

[13] Lc 22:25-27 E ele lhes disse: Os reis dos gentios dominam sobre eles, e os que têm autoridade sobre eles são chamados benfeitores. 26 Mas não [sereis] vós assim; antes o maior entre vós seja como o menor; e quem governa como quem serve. 27 Pois qual é maior: quem está [à mesa], ou quem serve? Porventura não [é] quem está [à mesa]? Eu, porém, entre vós sou como aquele que serve.

[14] Lc 19:9-10 E disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão. 10 Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.

[15] Mt 6:19-20 Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem [tudo] consomem, e onde os ladrões minam e roubam; 20 Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam.

[16] Mt 5:44 Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que [está] nos céus;

[17] Ef 6:12 Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos [lugares] celestiais.

[18] Mt 5:46-48 Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? 47 E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim? 48 Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que [está] nos céus.

[19] Rm 5:5 E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.

[20] Jo 5:14 Depois Jesus encontrou-o no templo, e disse-lhe: Eis que já estás são; não peques mais, para que não te suceda alguma coisa pior.

[21] Jo 8:11 E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais.

[22] Mt 4:17 Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.

[23]  At 3:19 Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor,

[24] Mt 5:31-32 Também foi dito: Qualquer que deixar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. 32 Eu, porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de fornicação, faz que ela cometa adultério, e qualquer que casar com a repudiada comete adultério.

[25] Jo 8:44 Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.

[26] Lc 4:18-21 O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados de coração, 19 A pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor. 20 E, cerrando o livro, e tornando[-o] a dar ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. 21 Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos.

[27] 1 Jo 3: 8 Quem comete o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo.

[28] Mt 27: 14 Jesus, entretanto, mantinha-se em absoluto silêncio; e, por isso, ficou o governador fortemente impressionado.

[29] Mt 27:22-24 Disse-lhes Pilatos: Que farei então de Jesus, chamado Cristo? Disseram-lhe todos: Seja crucificado. 23 O presidente, porém, disse: Mas que mal fez ele? E eles mais clamavam, dizendo: Seja crucificado. 24 Então Pilatos, vendo que nada aproveitava, antes o tumulto crescia, tomando água, lavou as mãos diante da multidão, dizendo: Estou inocente do sangue deste justo. Considerai [isso].

[30] Lc 7:34-35 Veio o Filho do homem, que come e bebe, e dizeis: Eis aí um homem comilão e bebedor de vinho, amigo dos publicanos e pecadores. 35 Mas a sabedoria é justificada por todos os seus filhos.

[31] Mt 26:55 E naquele mesmo instante Jesus se dirige às multidões indagando-lhes: “Lidero Eu algum tipo de rebelião, para que venham contra mim com espadas e porretes e me prendam? Pois todos os dias estive ensinando no templo e vós não me prendestes!

[32] Jo 19:10-11 Então Pilatos o advertiu: “Tu te negas a responder-me? Não sabes que eu tenho autoridade para te libertar e poder para te crucificar? 11 Ao que Jesus lhe afirmou: “Não terias qualquer poder sobre mim, se não te fosse dado de cima. Por isso, aquele que me entregou a ti é culpado de um pecado ainda maior.”

[33] Jo 18: 23 E Jesus respondeu ao guarda: “Se Eu disse algo de mal, revela o mal. Mas se disse a verdade por que me agrediste?”

[34] Mt 8:4 Em seguida, disse-lhe Jesus: “Veja que não digas isto a ninguém, mas segue, mostra teu corpo ao sacerdote, e faze a oferta que Moisés ordenou, para que sirva de testemunho.”

[35] Ef 2: 10 Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.

[36] Is 45:7-8 7 Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas cousas.8 Destilai vós, céus, dessas alturas, e as nuvens chovam justiça; abra-se a terra, e produza-se salvação, e a justiça frutifique juntamente; eu, o SENHOR, as criei.

[37] Is 5: 20 Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal: que fazem da escuridade luz, e da luz escuridade; e fazem do amargo doce, e do doce amargo!

[38] Tg 1: 27 A devoção (religião) pura e imaculada para com Deus, o pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações (angústias, ou aflições penosas) e guardar-se da corrupção do mundo. (conservar-se sem mancha alguma do mundo).

[39] Ec 12:13-14 De tudo o que se tem ouvido, o fim [é]: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque este [é o dever de] todo o homem.14 Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, e [até] tudo o que está encoberto, quer [seja] bom quer [seja] mau.

[40] Mc 12:32-34 32 E o escriba lhe disse: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que há um só Deus e que não há outro além dele; 33 e que amá-lo de todo o coração, e de todo o entendimento, e de toda a alma, e de todas as forças e amar o próximo como a si mesmo é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios. 34 E Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do Reino de Deus. E já ninguém ousava perguntar-lhe mais nada.

[41]  1 Tm 6: 10 Porque o amor do dinheiro (cobiça das riquezas; avareza) é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça (apetecendo) alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.

[42] Mt 6:24 Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou será leal a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mâmon.

[43] Rm 2:14-15 De fato, quando os gentios que não têm Lei, praticam naturalmente o que ela ordena, tornam-se lei para si mesmos, muito embora não possuam a Lei; 15 pois demonstram claramente que os mandamentos da Lei estão gravados em seu coração. E disso dão testemunho a sua própria consciência e seus pensamentos, algumas vezes os acusando, em outros momentos lhe servindo por defesa.

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