Por Natan
costa Rodrigues[1]
1.
O CENÁRIO POLÍTICO ATUAL
O atual cenário político
brasileiro possui uma forte tendência polarizadora. Diuturnamente os cristãos e
demais cidadãos são surpreendidos com o apelo à tomada de uma posição fixa e
irredutível. Geralmente os temas são colocados em pauta evidenciando duas
posições opostas e conflitantes entre si. Tão logo são expostas à apreciação
das mentes, esses temas são catalogados e alocados em uma das posições
políticas predominantes: esquerda ou direita. A coerção à adesão a um dos lados
é constante e fundamenta-se em uma aversão à neutralidade.
Enquanto posições políticas, direita e esquerda, parecem encerrar termos contrários e não meramente contraditórios. Daí a suposta impossibilidade de um meio-termo ou de uma outra posição mais válida.
Tais fatos induzem os
cristãos, quase que naturalmente, a questionar qual a direção certa a tomar. A
este respeito, um olhar atento às lideranças evangélicas, mostra que os dois
lados estão abastecidos de líderes e militantes engajados na defesa de suas
ideologias.
Voltando os olhos para os
textos bíblicos, percebe-se igualmente a sua utilização praticamente
indiscriminada por ambos os grupos, às vezes sem atenção ao contexto histórico
ou literário das expressões. A guerra política, acomodou a interpretação do
texto bíblico a essas firmes posições existentes.
Proponho nestas breves
considerações proceder ao cumprimento de um dever tantas vezes recomendado nos
púlpitos das igrejas, que é responder à seguinte indagação: o que Jesus faria?
De fato, a oposição entre o
povo de Israel e Roma, parecia exigir que Jesus se posicionasse diante da
situação. As pessoas queriam saber de que lado Jesus estava: Ele estava do lado
de Israel ou do lado Romano? Ele integrava aquele conjunto de pessoas que
corajosamente se opunham a Roma ou daqueles que eram chamados traidores, por se
posicionarem ao lado dos que os dominavam? Seria Jesus um elemento neutro por
decidir cumprir a missão que recebera do Pai? Será que a missão de Jesus
recebeu, possuía algum proveito ou valor diante daquelas lutas e dificuldades
que o povo atravessava no cotidiano?
2.
O CENÁRIO DA ÉPOCA DE JESUS
Olhando
os textos bíblicos, vemos que Jesus também estava ladeado, durante os seus dias,
de algumas agremiações e grupos aos quais poderia ter se filiado ou aderido.
Vejamos quais eram esses grupos:
a)
Fariseus
- grupo formado pela elite rabínica de Israel, convenientemente apoiavam o
governo Romano, embora houvesse alguns que questionassem a situação. Com
relação à interpretação da Torá, mantinham uma posição legalista e ritualista
do texto. Mantinham uma distância asséptica dos pecadores e samaritanos;
b)
Saduceus – Juntamente com os
Fariseus compunham o Sinédrio judaico. Eram mais livres na interpretação dos
textos bíblicos da Torá, embora mantivessem posições extremadas em alguns
pontos;
c)
Revolucionários armados –
eram grupos compostos de indivíduos que se opunham à dominação Romana e
buscavam recuperar a independência de Israel. Uma listagem desses grupos
aparece no livro de Atos, 5:36-37:
36 Porque antes destes (atuais)
dias levantou-se Teudas, dizendo ele mesmo ser algum homem (grande e
profeta); a quem foi ajuntado o número de cerca de quatrocentos
varões; o qual (Teudas) foi morto, e todos quantos estavam
crendo- obedecendo a ele foram dispersos e foram tornados em nada.
37 Depois deste, levantou-se Judas, o galileu, nos
dias do alistamento, e atraiu- para- revolta muito povo em- seguimento- a si. Mas
também este se fez perecer, e todos quantos estavam persuadidos por ele foram
dispersos.
O
fato de haver grupos armados e revoltados com a dominação Romana não deveria
surpreender, visto que a nação de Israel detinha um destaque profético e
escatológico. Sua submissão por gentios era especialmente odiosa.
d)
Romanos – o
último grupo relevante era composto pelos dominadores.
3.
A REAÇÃO DE JESUS DIANTE DO ELENCO DE
OPÇÕES POSTAS
Vejamos se o Unigênito do Pai se bandeou para algum desses
grupos, ou como Ele reagiu às investidas de cada um deles. A análise detida e
refletida dos textos bíblicos permite afirmar com segurança que Cristo não se
identificou com nenhum desses grupos. Vejamos:
a) Jesus
e os Fariseus – Os fariseus foram duramente criticados por
Jesus por conta de sua hipocrisia e apego demasiado à letra da lei. Vemos nesse
sentido, a dicção dos famosos “ais” no capítulo 23 do Evangelho segundo
escreveu Mateus. Como todas as facções, os fariseus tentaram adequar Jesus às
suas práticas, repreendendo o seu comportamento inconforme. Os fariseus
questionaram o comportamento do Mestre:
Mt
9:11: E os fariseus, vendo isto, disseram aos seus discípulos: Por que come o
vosso Mestre com os publicanos e pecadores?
Lc 15:2: E os fariseus
e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores, e come com eles.
A
murmuração dos fariseus revela com clareza a tentativa de enquadrar a conduta
do Mestre dentro de seu sistema de práticas. Jesus não cedeu. Sua posição foi
inflexível. Ele estava cônscio de sua missão e estava agindo em conformidade
com ela e com as escrituras, que a delimitava. Diferente dos Fariseus, Jesus
cumpriu a íntegra da lei: Mt
5:17
– “Não suponhais que Eu
vim abolir a Lei ou os Profetas: Eu não os vim abolir, mas cumprir”.
Em
verdade, não obstante o Senhor concordasse com o que os Fariseus diziam,
repudiava precisamente a hipocrisia que adornava os seus atos, visto que
glorificavam a Deus somente com os seus lábios, estando o seu coração
totalmente desviado.
b) Jesus
e os Saduceus – Em meio a intensos debates Jesus repreendeu
a hermenêutica bíblica errônea dos saduceus, e expôs a sua frágil posição:
Mt
12:18-27: 18 Depois chegaram os saduceus, que pregam não haver qualquer
ressurreição, com a seguinte questão:
19
“Mestre, Moisés nos deixou escrito que, se um homem morrer e deixar sua esposa
sem filhos, seu irmão deverá se casar com a viúva e gerar filhos para seu irmão.
20
Ora, havia sete irmãos. O primeiro casou-se e faleceu sem deixar filhos.
21
Então o segundo desposou a viúva, mas também morreu sem deixar descendentes. O
mesmo ocorreu com o terceiro.
22
E, dessa forma, nenhum dos sete irmãos deixou filhos. Finalmente, faleceu
também a mulher.
23
Na ressurreição, de quem essa mulher será esposa, haja vista que os sete irmãos
foram casados com ela?”
24
Então Jesus os admoestou: “Não é sem motivo que errais tanto, pois não
compreendeis as Escrituras nem o poder de Deus!
25
Quando os mortos ressuscitam não se casam mais, nem são dados em casamento.
Pois se tornam como os anjos nos céus.
26
A respeito da ressurreição dos mortos, ainda não tendes lido no livro de
Moisés, no texto referente à sarça, como Deus lhe declarou: ‘Eu Sou o Deus de
Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó?’.
27
Ora, Ele não é Deus de mortos, e sim o Deus dos vivos!’. Estais absolutamente
enganados!”.
Os
Saduceus, embora convictos de sua interpretação bíblica, não encontraram outro
meio, senão retirar-se e deixar Jesus Cristo em paz. Nosso Mestre nesse
episódio mostrou que estava alinhado com o que bíblia ensinava e recomendava,
mesmo em textos que, aparentemente, só pareciam indicar uma dada interpretação.
c) Jesus
e os Revolucionários – Este foi o grupo no qual mais tentaram
enquadrar o Cristo. Em verdade, mesmo hoje inúmeras pessoas pensam que Jesus
foi algum tipo de revolucionário ou militante de causas sociais. Os próprios
discípulos cuidavam que Ele lhes daria a restauração do Reino a Israel, libertando-os
da opressão Romana, vide Mt 26:51-54[2].
Veja a inquietante pergunta dos discípulos em Atos 1:6:
6
Então, os que se haviam reunido lhe consultaram: “Senhor, será este o tempo em
que restaurarás o Reino a Israel?”
A
resposta de Cristo foi que o Pai possui o seu próprio cronograma, e não cabia
aos discípulos o seu conhecimento. Em verdade, Jesus sabia bem o peso da dura
opressão de Roma sobre Israel, tendo previsto o cerco e a tomada de Jerusalém[3].
Por que então quedou-se inerte a esse respeito? Por que não pegou em armas para
lutar, ou então porque não comandou um grupamento de homens para tomar o poder?
A resposta é simples: não era essa a sua missão.
d) Jesus
e os Romanos – O grupo composto pelos dominadores tampouco
entendeu a missão de Jesus. Eles pensavam tratar-se de mais um sublevador.
Pilatos o interroga:
Jo
33 Tornou, pois, a entrar Pilatos na audiência, e chamou a Jesus, e disse-lhe:
Tu és o rei dos judeus?
34
Respondeu-lhe Jesus: Tu dizes isso de ti mesmo ou disseram-to outros de mim?
35
Pilatos respondeu: Porventura, sou eu judeu? A tua nação e os principais dos
sacerdotes entregaram-te a mim. Que fizeste?
36
Respondeu Jesus: O meu Reino não é deste mundo; se o meu Reino fosse deste
mundo, pelejariam (lutariam) os meus servos, para que eu não fosse entregue aos
judeus; mas, agora, o meu Reino não é daqui.
37
Disse-lhe, pois, Pilatos: Logo tu és rei? Jesus respondeu: Tu dizes que eu sou
rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da
verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.
Jesus
uma vez mais, cingiu-se firmemente à missão recebida do Pai. As escrituras
deveriam se cumprir para o bem de toda a humanidade e para que os seres humanos
alcançassem a salvação.
Essa
mesma atitude de Cristo poderia ser dita de qualquer outra posição política,
filosófica ou religiosa que lhe fosse ofertada. Vemos, por exemplo, que Jesus
rejeitou a intriga histórica que se estabeleceu entre Judeus e Samaritanos. Ele
não tomou parte em nenhum dos lados conflitantes: para Ele não havia razão suficiente
para existir um conflito como aquele[4]. Igualmente,
Jesus rejeitou opor-se à odiosa cobrança de impostos feita por Roma. Ele separou
o que deve ser dado a Deus do que deve ser dado à César[5].
4. A
POSIÇÃO TOMADA POR JESUS CRISTO
Ante
o exposto, qual foi a atitude que Jesus tomou? Novamente um exame das
escrituras permite concluir que Jesus escolheu a missão que recebeu do Pai como
a sua meta de vida e o propósito de sua própria existência:
Jo
4:34 Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a
vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra.
Jo
18:37 Disse-lhe, pois, Pilatos: Logo tu és rei? Jesus respondeu: Tu dizes que
eu sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar
testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.
(grifou-se)
Os
evangelhos mostram um Jesus intransigente no cumprimento integral do que as
escrituras diziam a seu respeito. O vemos censurar Pedro, quando este tentou
dissuadi-lo de ir morrer em Jerusalém[6].
Ele mostrou intensa convicção de sua missão e o firme propósito de cumpri-la
cabalmente. E quando finalmente a cumpriu, o fez de forma explícita:
Jo 19:30 E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está
consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.
Jesus tinha um lado bem definido e
delimitado:
a) Seu compromisso: a
missão recebida do Pai;
b) A
base para as suas ações e atitudes: as escrituras judaicas da
época. Cada atitude de Jesus era baseada em uma profecia ou buscava cumprir
toda a justiça do Reino de Deus, assim como toda a Torá. Ele sabia os próximos
passos que ia dar e que profecias ou escrituras esses passos estariam
cumprindo;
c) O
julgamento dos seus atos: o próprio Jesus se avaliava. Ele
verificava se o modo como agia estava de acordo com o que as escrituras haviam
predito ou ensinavam. Ele, por exemplo, enfatizava a prevalência da misericórdia
sobre o sacrifício como um ensino claro das escrituras, e buscava agir de
acordo com essa máxima;
d) A quem Ele buscava agradar:
como o próprio Jesus exprimiu, Ele não buscava agradar a homens, mas a Deus, o
seu Pai;
Jesus
considerava a sua posição a mais importante, senão a única que de fato
importava, e buscou repassar precisamente isso para os seus discípulos. Isso
não significava uma busca de isenção por parte de Cristo, pelo contrário, Jesus
estava intimamente comprometido com os negócios de seu Pai[7].
Esse
comprometimento integral de Cristo com a salvação de todos os seres
humanos, impediu que Ele colhesse os seus discípulos de apenas uma das facções
existentes na sua época. Temos entre os seus discípulos: pescadores, fariseus e
mestres da lei, publicanos, prostitutas, ladrões, homens de reputação ilibada,
mulheres ricas e de posição, etc.
Após
Cristo ascender aos céus, os discípulos avaliavam a vida e as obras do nosso
Salvador a partir do que as escrituras falavam dEle[8].
Os discípulos não tentaram enquadrar Jesus em nenhum pensamento ou corrente
teórica do seu tempo. Com efeito, o que Jesus fez, ou deixou de fazer, disse ou
não disse, só pode ser corretamente avaliado a partir do que dEle está escrito
nas escrituras. Os discípulos possuíam a certeza que constituíam um grupo
distinto dos demais, e buscavam orientar-se pelas instruções de Jesus e pelo
que estava escrito nas escrituras. Assim também o cristão, em suas ações, deve
ser pautado e julgado pela missão que recebeu de Cristo e que está descrita na Bíblia.
Obviamente,
o fato de Jesus ter tomado essa posição não o tornava neutro ou mesmo alheio às
dificuldades que o povo e a nação atravessavam. Na verdade, Jesus sempre
encarava as situações boas ou ruins que lhe sobrevinham a partir do seu
propósito de vida, isto é, com a verdade que Ele possuía e encarnava[9] [10].
Vejamos
a seguir como Cristo lidou com essas questões sociais que o ladeavam.
5.
JESUS E AS CIRCUNSTÂNCIAS SOCIAIS DE SUA
ÉPOCA
Jesus
conhecia de perto as dificuldades econômicas que os Judeus de seus dias
atravessavam. Entretanto, Ele reconhecia que fazer a vontade de Deus e buscar o
seu Reino e a sua justiça eram a maior prioridade[11].
O Senhor não permitiu que as duras condições sociais ofuscassem ou
sobrepujassem a sua prioridade, que era pregar o Evangelho de arrependimento e
perdão dos pecados a todos. Em meio às necessidades materiais, Jesus
identificou que havia uma necessidade essencial e superior nos homens, e buscou
supri-la acima de qualquer outra[12].
De
igual modo, Ele não permitiu que os costumes administrativos dos governantes da
época penetrassem na constituição do seu reino ou orientassem o comportamento
dos seus discípulos[13].
Os padrões de conduta e comportamento do Reino de Deus são sui generis,
tem como suporte as escrituras e como propósito o pleno cumprimento da vontade
de Deus.
Em
vista disto, Jesus alimentou os famintos e curou inúmeros doentes, recuperou
pessoas que estavam alijadas do convívio social, como prostitutas e ladrões,
publicanos e fariseus, Samaritanos e Judeus[14].
Jesus orientou e repreendeu as autoridades quanto à prática da justiça e também
esclareceu como se daria a hierarquia e serviço no Reino de Deus. A sua missão
e as escrituras lhe impunham isso.
Concluindo,
o Senhor estabeleceu claramente uma hierarquia aplicável às necessidades
humanas:
a)
Primeiro deve-se buscar o Reino de Deus e
a sua Justiça. Quanto às demais coisas, estas serão acrescentadas;
b)
O homem deve acumular tesouros nos céus,
onde a traça e a ferrugem não consomem, nem os ladrões minam e roubam[15].
Este ensino de Cristo, tem sido um dos motivos pelo qual o cristianismo tem
sido quase que completamente banido de movimentos revolucionários, visto que a
conquista do poder e das riquezas é algo primaz nesses movimentos;
c)
Jesus ensinou a paz, o amor e a
conciliação como regras de convivência. Ele ensinou a amar os
inimigos e a orar pelos que perseguem os outros. Ele ensinou a vencer o mau com
a prática do bem.[16]
Esses ensinos de Jesus permitiram um deslocamento do foco de combate: a guerra dos
filhos de Deus não mais deve ser contra a carne e o sangue, mais sim contra
principados e potestades nas regiões celestiais[17];
d)
Jesus proibiu que o amor e a caridade
ficassem adstritos somente aos membros de um mesmo grupo[18]. Com
efeito, devemos amar até os nossos inimigos para sermos considerados Filhos de
Deus. O amor enquanto base da verdadeira vida cristã deve ser amplo e sincero, provindo
diretamente do agir do Espírito Santo no coração do crente[19];
Com
efeito, o Evangelho de Cristo possui em seu bojo uma perfeita combinação dos
elementos da justiça e do amor, da misericórdia e do arrependimento, do perdão
e da repreensão, da aceitação e da transformação, das necessidades humanas e da
providência divina, do reino dos homens e do Reino de Deus, do nascimento
segundo a carne e do nascimento segundo o Espírito, etc.
Jesus
Cristo não abriu mão da verdade de que estava imbuído. Ele repreendia os que
estavam em pecados, e buscava convertê-los ao Evangelho, orientando-os a não
mais pecarem[20]
[21] [22].
A noção de pecado era e é vital ao Evangelho pregado por Jesus: sem pecado, não
há de que o homem possa se arrepender, e sem arrependimento não há verdadeira
conversão, nem novo nascimento, sem o qual não há verdadeira salvação. Após a
ascensão do Mestre, os discípulos continuaram a pregar esta mesma mensagem[23].
Diante
disto, a fixação do que era e é certo e do que era e é errado estava na base do
que jesus pregava e ensinava. Ele reprovou duramente o divórcio e o adultério,
assim como o homicídio e mesmo o ódio homicida[24].
Condenou a mentira e o pai da mentira[25].
Jesus corrigiu equívocos de interpretação bíblica e falsos ensinos encontrados
nas demais posições, conforme já foi demonstrado. De igual modo, Ele esclareceu
reiteradas vezes a natureza da sua missão e o seu propósito de ter vindo à
Terra[26].
Esses esclarecimentos tornavam a sua posição bem evidente e definida, e impedia
que Ele fosse enquadrado em qualquer outra facção ou grupo da época. Por conta
disto, os seus discípulos estavam também completamente seguros do que,
exatamente, justificou a manifestação da vinda do Mestre e por conseguinte, eles
sabiam qual era a sua própria missão[27].
6.
JESUS COMO CIDADÃO DO SEU TEMPO
Jesus,
em tudo, foi um exemplo para nós, e neste ponto não seria diferente. Todo
autêntico e exemplar cidadão pode ser avaliado a partir do cumprimento dos seus
deveres: a) civis; b) morais e; c) legais. Vejamos como se deu a conduta de
Jesus em cada uma dessas esferas.
a) Deveres
civis – à época uma das principais obrigações civis era o
recolhimento dos impostos, o que conforme já exposto alhures, a Bíblia mostra
com clareza que Jesus cumpriu. Um outro dever civil importante era o devido
respeito e tratamento às autoridades. As escrituras mostram um Cristo submisso
e calado[28],
a ponto das autoridades se admirarem e algumas concluírem pela sua inocência[29];
b) Deveres
morais – na esfera moral, as escrituras mostram um homem de
conduta irretorquível e ilibada. Embora pesasse sobre Ele a acusação de comilão
e beberrão, tal fato fora adequadamente expurgado e esclarecido[30].
Jesus participava de eventos sociais, como casamentos e jantares em casas de
homens de posição, ou ainda na casa de pessoas mais pobres, contudo, em
qualquer dessas ocasiões, conforme já exposto, mantinha o foco na sua missão e
buscava cumpri-la no recinto onde estava;
c) Legais –
Jesus cumpriu as legislações da época. No que tange ao Judaísmo, temos que
Jesus cumpriu integralmente a Lei Mosaica, inclusive no seu sentido mais
profundo. Com relação às leis do Império, Cristo não praticou e nem comandou
nenhuma revolta ou rebelião, nem mesmo tentou negociar o poder com os que o
detinham[31].
Ele sabia que toda a autoridade e poder provinham de Deus[32],
bem como que o seu Reino não era daqui. O vemos inclusive admoestar as
autoridades que cumprissem as leis e praticassem a justiça[33].
Jesus respeitou o poder temporal constituído, embora não concordasse com o
estilo de liderança e o modo de servir. Por outro lado, Jesus não aderiu à
pressão das classes mais humildes para ascender ou tomar o poder. Jesus, portanto,
era um cidadão exemplar, cumpridor das leis civis e religiosas da época[34].
Esse
fato, não autoriza, entretanto, a conclusão de que a obra de Cristo fosse inócua
ou sem nenhuma significação para a sociedade. Pelo contrário, o impacto da
pregação evangelística de Jesus, tem sido sentido até hoje e, de fato, o
cristianismo tem sido o maior marco civilizatório da humanidade.
A
contribuição de Jesus para a sua época e para os seus contemporâneos, enquanto
cidadão de seu tempo, foi a pregação do Evangelho e o seu exemplo de vida. Tal
como uma hecatombe, a exposição das doutrinas por Cristo promovera uma reforma
radical no entendimento dos homens.
A
pregação do Evangelho, portanto, possui forte impacto social, na medida em que
transforma os homens segundo a imagem Cristo, impelindo-os à prática das
boas-obras, do amor desinteressado e não fingido, das virtudes primeiras da
convivência social, da busca e prática da perfeita justiça, do julgamento justo
e não segundo a aparência.
Conclui-se,
portanto, que Jesus desempenhou um importante serviço, quiçá o maior serviço já
feito à sociedade, contudo, esse serviço era apenas uma faceta da missão que Ele
recebera. Jesus curou enfermos e saciou a fome de famintos, não porquê possuía
uma ideologia política qualquer, mas sim por que recebeu essa missão do Pai. O
seu serviço social em favor de todos, não consistia em uma estratégia política
para alcançar ou destituir o poder constituído ou ainda para promover uma
determinada classe ao poder temporal, era antes fruto de sua natureza amorosa e
compassiva, do seu absoluto comprometimento com a sua missão salvífica.
7.
O QUE O CRISTÃO DEVE FAZER?
À
luz de todo exposto, talvez ainda não saibamos o que responder à questão formulada
acima. Vamos então de forma ordenada construir uma resposta.
Em
primeiro lugar, é preciso saber se nós, à semelhança de Cristo, recebemos uma
missão e um propósito de vida estabelecidos por Deus. In casu, assim como
Jesus buscava nas escrituras o sentido, direção e propósito da sua vida, de
igual modo nós devemos proceder. Nesse sentido, as escrituras ensinam com
clareza que nós recebemos uma missão e uma incumbência do Pai, do Filho e do
Espírito Santo. Vejamos:
a)
Fomos, juntamente com os primeiros
discípulos, comissionados a pregar o Evangelho a toda criatura:
Mc 16:15
E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o
evangelho a toda criatura.
Jo 17:18-22
Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os
enviei ao mundo. 19 E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam
santificados na verdade. 20 E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que, pela sua
palavra, hão de crer em mim;21 para que todos sejam um, como tu, ó pai,
o és em mim, e eu, em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo
creia que tu me enviaste. 22 E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós
somos um.
Jo 20:21
Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco;
Assim como o pai me enviou, também eu vos envio a vós.
b) Temos
a missão de testemunhar de Cristo, e esse testemunho envolve o nosso
comportamento e procedimento:
2 Co 3: 2-3
Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações,
conhecida e lida por todos os homens, 3
porque [já] é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós e
escrita não com tinta, mas com o espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra,
mas nas tábuas de carne do coração.
Ef 4:1 Rogo-vos, pois, eu, o
preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados,
Uma
vez cônscios da nossa missão, devemos reconhecer nela, a razão da nossa
existência. Os apóstolos se referiam a essa missão, como uma soberana e
celestial vocação. Fomos vocacionados para cumprir um ministério que nos foi
dado por Deus, ou melhor, para o cumprimento desse ministério nós fomos
alcançados por Deus.
Em
segundo lugar, é preciso avaliar as opções que nos são apresentadas, e
verificar se elas estão de acordo com o ensino das escrituras, mormente a
doutrina preconizada por Jesus. Isso nos permitirá detectar as eventuais
distorções, falácias e mentiras desses movimentos. Lembremos que Jesus não se
adequava às facções de sua época, mas sim corrigia os seus falsos ensinos e os
seus falsos ensinadores, mostrando com mansidão a verdade.
Em
terceiro lugar é importante saber que no Evangelho todas as necessidades
humanas estão contempladas, mas devem obedecer à hierarquia ensinada por Jesus.
A
seguir é crucial que tenhamos em evidência que queremos agradar a Deus e que
vivemos para Ele e não para os homens. Deus tem lado e tem vontade também. O
Evangelho não é um espaço neutro. Agradar a Deus tem uma significação maior.
Por
conseguinte, a nossa missão é a mais nobre e importante de todas. É a que traz
os melhores e mais duradouros benefícios aos homens. É a vontade de Deus para o
homem.
No
que tange a fazer o bem ao próximo, ajudar os mais pobres, restaurar os cativos
à liberdade, etc., todas essas coisas são obras contempladas no Evangelho e no
modo de vida do Cristão. É desnecessário o cristão lançar mão de ideologias
políticas ou filosóficas para fazer o bem ao próximo. Vejamos o porquê:
a)
As boas-obras foram preparadas de antemão
para que andássemos nelas. São, portanto, anteriores a qualquer
ideologia humana[35];
b)
Quando as boas-obras são praticadas como
fruto de uma ideologia, se tornam meras estratégias do jogo de poder, do jogo
político e dos interesses econômicos dos seres humanos.
Neste caso, essas obras não agradam a Deus, visto que as pessoas ajudadas são
convenientemente usadas para toda sorte de ajustes mesquinhos;
c)
As boas-obras como frutos de uma
ideologia, pressupõem um indevido manejo do bem e do mal pelos homens.
Ninguém é senhor da verdade ou dos fatos, para estabelecer o que é verdadeiro
ou bom ou o que é mal ou errado: estas coisas pertencem a Deus que as
estabeleceu desde a eternidade[36] [37];
d)
As boas-obras são a essência da
verdadeira religião e, portanto, do verdadeiro servir a Deus[38]. Ideologias
ateístas não podem fornecer verdadeira religião, ou verdadeiro serviço a Deus,
embora constituam também uma profissão de fé. As boas atitudes ali semeadas,
por vezes, destinam-se a esvaziar o discurso religioso e a destruir o Nome de
Deus;
e)
As boas-obras constituem um dever de
todos os homens, e isso não deriva de nenhuma imposição ideológica, mas sim de
um mandamento divino[39]. O
ser humano foi criado para fazer o que é bom e justo.
Devemos
ter em mente a seguinte convicção: a de que, ao pregarmos o Evangelho e exercermos
o amor cristão, estamos fazendo demonstração do que é verdadeiramente bom, assim
como estamos prestando a verdadeira ajuda que os seres humanos necessitam.
Por
fim, é importante assinalar, visto que somos Cristãos, que temos uma função
essencial a ser desempenhada no mundo:
Mt
5:13-14: Vós sois o sal da terra; e, se o sal for (se
fizer) insípido, (Gr. moranthe: desvanecido, ou dissipado) com que se há
de salgar? Para nada mais presta, senão para se lançar fora e ser pisado pelos
homens.
Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma
cidade edificada (fundada) sobre um monte; (Gr. oros: uma montanha alta) nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas, no
velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as
vossas boas obras e glorifiquem a vosso pai, que [está] nos céus.
A
função do cristão no mundo só é relevante, se ele seguir os mandamentos de
Cristo e cumprir o seu serviço de crente. Portanto, imbuídos dessas certezas,
devemos defender e viver a verdade presente no Evangelho que Jesus nos deixou,
evitando os embaraçosos enganos presentes em movimentos facciosos, políticos,
partidários ou ideológicos.
Devemos
ter claro e evidente em nossa mente, os desvios doutrinários desses movimentos,
afim de não aquiescer com eles, mas sim reprova-los. Outrossim, devemos
reconhecer também os acertos de ensinos presentes nessas facções[40],
promovendo o encaminhamento necessário dos seus membros à ultimação da verdade.
Não
obstante, não devemos ignorar os engodos e sutilezas de líderes e autoridades
que presidem esses movimentos. Com efeito, o nosso Senhor várias vezes foi
posto à prova com perguntas capciosas formuladas por pessoas acima de qualquer
suspeita. As escrituras mostram que tentaram apanhar o Senhor em alguma falha
relacionada a sua linguagem e ao seu procedimento.
Mt 22:16-18 16 Então, mandaram-lhe
seus seguidores juntamente com alguns herodianos, que lhe
questionaram: “Mestre, sabemos que és íntegro e que ensinas o caminho de Deus,
de acordo com a verdade, sem te deixares induzir por quem quer que seja, pois
não te seduzes pela aparência das pessoas. 17 Sendo assim, dize-nos: que te
pareces? É correto pagar impostos a César ou não?” 18 Contudo, Jesus
percebeu a má intenção deles e replicou-lhes: “Por que me tentais,
hipócritas? (grifou-se e sublinhou-se)
Notemos
que a atitude de Cristo, foi a de expor a malícia dos seus opositores, e
dar-lhes uma resposta à luz dos princípios bíblicos que norteiam o governo
humano.
Eles
cuidavam que Jesus fosse um subversivo ou cúmplice da opressão de Roma, como
muitos hoje desejam que ele fosse. Desejavam que Jesus Cristo se posicionasse
em um grupo, afim de que lhe imputassem as acusações que se faziam ao grupo a
que Ele aderisse. Ele não aderiu a grupo nenhum: o povo não se irritou por que
Ele disse que o imposto devia ser dado a César, e nem os Romanos ficaram
satisfeitos por que Ele disse que o que era de Deus também devia ser dado.
Nesse sentido, devemos estar preparados para
responder com mansidão acerca da nossa posição e missão, atendendo com
vigilância e sobriedade à astúcia e sutileza dos que resistem à verdade
presente no Evangelho.
8.
O CRISTÃO E A POLÍTICA
Seria
correto à luz de toda esta exposição concluir que o cristão jamais deva
concorrer ou ocupar um cargo político? Organizemos as ideias à luz da revelação
bíblica:
a) O
exercício dos cargos políticos são atividades humanas lícitas.
Assim como outras atividades do homem, o governo humano reveste-se de um
caráter especial, sendo mesmo uma instituição divina. Com efeito, não há um
único texto na bíblia que afirme que a política seja algo perverso ou ruim. As
escrituras afirmam que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males[41],
e não a política.
b) O
cristianismo não aboliu e nem pretende abolir as atividades humanas lícitas. Vemos
que mesmo após convertidos, os cristãos continuaram a exercer os seus misteres
habituais. Pedro continuou a pescar; Zaqueu continuou a cobrar impostos; Lucas
continuou a exercer a medicina. O próprio Cristo acompanhava os seus discípulos
em seus trabalhos e os ajudava no resultado dos seus labores. Vemos que Paulo e
João Batista, evangelizaram homens que exerciam cargos públicos, e a tônica das
suas pregações não era que abandonassem esses cargos, mas sim que os exercessem
com justiça;
c) Os
cristãos, portanto, podem ocupar e exercer cargos políticos. De
fato, a Bíblia proíbe, o roubar, prostituir, furtar, matar, mentir e outros
elencos de obras da carne, porém as atividades lícitas são recomendadas. O
cristianismo tem relação, primeiramente com a regeneração e transformação do
caráter do homem pelo novo nascimento, e não com a extinção do trabalho útil à
sociedade. Desejar pôr um fim a atividade política é ignorar a natureza
gregária dos seres humanos e a sua própria organização em sociedade.
Diante disto, somente a ignorância acerca do próprio
cristianismo pode justificar a conclusão de que o cristão não pode exercer ou
ocupar cargos públicos e políticos.
9.
CONCLUSÃO: MILITÂNCIA POLÍTICA DO CRISTÃO
OU MILITÂNCIA DO CRISTÃO NA POLÍTICA?
É
cediço que a Bíblia não é um livro exaustivo. Enquanto revelação divina, ela
destina-se ao repasse da verdade suficiente para a nossa salvação. Não
obstante, a Bíblia fornece diretrizes para a tomada de decisões nos mais
variados aspectos da nossa vida. Na política não é diferente. Conforme exposto,
a vida de Jesus narrada nas escrituras, fornece parâmetros seguros para a
tomada de algumas decisões. Vejamos inicialmente o conceito do vocábulo militante.
Dentre
os vários significados possíveis, um que serve ao presente propósito, consta do
Dicionário Aurélio: “Membro ativo na defesa de uma causa”. Essa causa
naturalmente pode ser qualquer uma: política, social, estudantil, ambiental, religiosa,
etc.
A
militância pode se dar em qualquer esfera, mas quando ocorre no âmbito da
política, costuma designar o ativismo. O ativismo reduz a realidade a própria
atuação ativista, ou seja, viver é agir, segundo e em prol daquela causa. O
reducionismo presente na essência do ativismo, demonstra que ele não se mostra
a escolha mais viável ao cristão, visto que implicaria no comprometimento
integral do cristão com outra causa. O Cristão não pode servir a dois senhores[42].
Antes
de prosseguir é preciso discernir duas situações:
a) Militância
Política do Cristão – entendo ser aquela que deve ser exercida por todos os
cristãos que ocupam cargos políticos (prefeitos, vereadores, deputados, etc.);
b) Militância
do Cristão na Política - é a que deve ser exercida por aqueles cristãos que
não ocupam cargos políticos (demais cidadãos cristãos).
Primeiramente
é preciso esclarecer que o crente é, sobretudo, um militante da obra do
Evangelho, e isto é suficientemente exposto nas escrituras. As armas da nossa
milícia não são carnais, mas poderosas em Deus. A nossa causa é a causa do
Evangelho: este é o nosso bom combate.
Ante
essas considerações, a militância política é lícita aos crentes, porém pode não
ser conveniente a alguns crentes, especialmente aos que militam na
exposição da Palavra. Vejamos o exemplo que os apóstolos nos legaram em uma
dada situação:
At 6:2-4 2 Então, os
Doze reuniram todos os discípulos e propuseram: “Não é sensato
negligenciarmos o ministério da Palavra de Deus, a fim de servir às mesas.
3 Portanto, irmãos, escolhei dentre vós Sete homens de bom testemunho, cheios
do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste ministério. 4 Quanto
a nós, nos devotaremos à oração e ao ministério da Palavra. (grifou-se)
Ante
o exposto, é cediço que um ministro da Palavra pode exercer um cargo político,
porém, embora não sendo um pecado, não se mostra o mais sensato. Ademais, um ministro
da Palavra pode, segundo penso, militar na seara política, sem exercer um cargo
político, sendo isso um nobre mister.
Isto
é possível, visto que à luz do texto precitado, mostra-se necessário que haja
missionários especialmente vocacionados ao evangelismo no âmbito dos estamentos
políticos, porém o seu foco ali, ainda é a causa do Evangelho. É que, aonde há
seres humanos, há também a necessidade de que o evangelho seja pregado, e de
que, ali, a exposição da Palavra surta os efeitos esperados.
Considere-se
ainda a existência de uma militância que surge para todos os indivíduos,
cristãos ou não, e que impacta diretamente o campo político. É sabido que há determinados
valores, que devem ser cultivados, não por uma dada imposição religiosa, mas
por um dever natural. Cuidam-se de valores atemporais, escritos por Deus nos
corações dos seres humanos e por isso revestidos de um caráter essencial a toda
a sociedade[43].
Essa
plêiade de valores não é exclusiva de uma dada religião, mas constituem aquele
substrato valorativo universal que serve de fundamento à busca do bem comum. O
cristão, assim como todos os demais indivíduos, possui a incumbência de
defende-los e ensiná-los aos demais.
Isto
dito, ressalta-se que a política, a família, a escola, e outras instituições da
sociedade, constituem os locais onde se reproduzem esses valores, devendo por
isso receber especial atenção dos cristãos. A tarefa dos crentes, deve ser a de
um pregador da justiça, aos ocupantes desses locais. Com efeito, o cristão deve
chamar os governantes à prática da justiça e das boas-obras, velando para que
os valores vitais da sociedade permaneçam incólumes.
Neste
corolário, é essencial que o cristão possua uma visão clara e correta desses
valores, afim de corrigir, repreender e exortar corretamente aos ocupantes de
cargos públicos. Essa militância do cristão na seara política é positiva e
necessária. Cuida-se de ofício de caráter profético.
Alguns
valores que devem ser defendidos pelo cristão são: a liberdade ou
livre-arbítrio humano, o igual valor de todos, o respeito mútuo, a paz, a
misericórdia, o exercício das boas-obras, a justiça, a submissão e respeito às autoridades,
o respeito aos mais velhos, a proteção de crianças, idosos e deficientes, o
casamento monogâmico, a pureza, o pudor, a honestidade, etc.
Ademais,
para o cristão, uma militância política ou no âmbito da política, só fará
sentido e será justificada, se for em vista do interesse de toda a sociedade, e
não de seus interesses pessoais. Com efeito, a essência do cristianismo,
enquanto religião, é o servir ao próximo de forma sacrificial e amorosa: fora
disso, só resta a odiosa hipocrisia.
Por
fim, é preciso compreender que o atuar do cristão é o atuar da igreja, visto
que nós somos o templo e morada do Espírito Santo de Deus. Não obstante,
enquanto cidadãos de uma dada época, temos que cumprir os nossos deveres
cívicos, desde que guardem compatibilidade com a nossa missão como igreja
edificada por Jesus, ou seja, o nosso dever como cidadão está subordinado ao
nosso dever como igreja de Deus. Como novas criaturas, agimos orientados a
partir de outras prerrogativas e interesses: interesses do Altíssimo,
prerrogativas celestiais! A nossa manifestação no mundo é a manifestação do
Evangelho e do seu poder. É a manifestação da Igreja eleita e redimida, do seu
cuidado na edificação dos santos, na exposição da Palavra, na prática das
primeiras obras e da virtude. Esta manifestação pode e deve ocorrer em qualquer
lugar ou ambiente da sociedade por meio de nós que recebemos essa incumbência
do Pai. Lembremos que os discípulos, após a morte e ressureição de seu mestre
Jesus, poderiam ter sido identificados como Fariseus, Saduceus, Revolucionários
ou qualquer outra seita, porém foram identificados como Cristãos.
Amem!
[1] Servo de Jesus Cristo.
[2] 51 E eis que um só daqueles apóstolos
que estavam com Jesus, havendo estendido a sua mão, sacou sua
espada e, havendo ferido o escravo do sumo sacerdote, (nisto)
cortou fora a sua orelha (direita). 52 Então lhe diz Jesus: "Retorna a tua espada
para dentro do seu lugar; porque todos aqueles havendo pegado da espada,
à espada far-se-ão perecer. 53 Ou pensas tu
que não posso Eu, agora, orar ao Meu Pai, e Ele não porá ao Meu
lado mais de doze legiões de anjos? 54 Como, pois, serem cumpridas
as Escrituras, que dizem que assim é necessário acontecer?"
[3] Lc 19:42-44: 42 e proclamou: “Ah! Se tu
compreendesses neste dia, sim, tu também, o que traz a paz! No entanto agora
isto está encoberto aos teus olhos. 43
Virão dias em que teus inimigos te cercarão de trincheiras e, por todos os
lados, te ameaçarão, apertando o grande cerco contra ti. 44 Também lançarão por terra, tu e os teus
filhos que estão dentro de ti. Não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não
reconheceste a maravilhosa oportunidade que tiveste com a visitação de Deus!”
Os profanadores da Casa de Deus
[4] Veja o capítulo 4 do Evangelho segundo escreveu João.
[5]
Mc 12:14-17 E, ao se aproximarem, lhe questionaram: “Mestre, sabemos que és
verdadeiro e que não te deixas influenciar por ninguém, pois não te
impressionas com a aparência exterior das pessoas, mas ensinas o caminho de
Deus em conformidade com a mais pura verdade. Assim sendo, diga-nos, é lícito
pagar imposto a César ou não?15 Devemos pagar ou podemos nos recusar?” Jesus,
porém, conhecendo o quão hipócritas estavam sendo, lhes inquiriu: “Por que me
tentais? Trazei-me um denário para que Eu o examine!”.16 E eles lhe trouxeram a
moeda, ao que Ele lhes indagou: “De quem é esta imagem e esta inscrição?” “Ora,
de César”, replicaram eles. 17 Então Jesus lhes asseverou: “Dai a César o que é
de César e a Deus o que é de Deus!” E todos ficaram pasmos com Ele.
[6] Mt 16:22-23: 22 E Pedro, tomando-o de
parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Senhor, [tem] compaixão de ti; de modo
nenhum te acontecerá isso. 23 Ele, porém,
voltando-se, disse a Pedro: Arreda-te de diante de mim, Satanás, [ que ] me
serves de escândalo; porque não compreendes ( consideras ) as [ coisas ] que [
são ] de Deus, mas [ só ] as que [ são ] dos homens.
[7] Lc 2:49 E ele lhes disse: Por que é que me
procuráveis? Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?
[8] Co 15:3-4 Porque primeiramente vos entreguei o
que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras,
4 E que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as
Escrituras.
[9] Mt 8:16-17 E, chegada a tarde, trouxeram-lhe
muitos endemoninhados, e ele com a sua palavra expulsou [deles] os espíritos, e
curou todos os que estavam enfermos; 17 Para que se cumprisse o que fora dito
pelo profeta Isaías, que diz: Ele tomou [sobre si] as nossas enfermidades, e
levou as [nossas] doenças.
[10] Mt 15:24 E ele, respondendo, disse: Eu não fui
enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.
[11] Mt 6: 33, Mas, buscai primeiro o reino de Deus,
e a sua justiça, e todas estas [coisas] vos serão acrescentadas.
[12] Jo 6:27,35 Trabalhai, não pela comida que
perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do
homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou. 35 E Jesus lhes disse: Eu
sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca
terá sede.
[13]
Lc 22:25-27 E ele
lhes disse: Os reis dos gentios dominam sobre eles, e os que têm autoridade
sobre eles são chamados benfeitores. 26 Mas não [sereis] vós assim; antes o
maior entre vós seja como o menor; e quem governa como quem serve. 27 Pois qual
é maior: quem está [à mesa], ou quem serve? Porventura não [é] quem está [à
mesa]? Eu, porém, entre vós sou como aquele que serve.
[14] Lc 19:9-10 E disse-lhe Jesus: Hoje veio a
salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão. 10 Porque o Filho do
homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.
[15]
Mt 6:19-20 Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem [tudo]
consomem, e onde os ladrões minam e roubam; 20 Mas ajuntai tesouros no céu,
onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem
roubam.
[16] Mt 5:44 Eu, porém, vos digo: Amai a vossos
inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai
pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai
que [está] nos céus;
[17] Ef 6:12 Porque não temos que lutar contra a
carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra
os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade,
nos [lugares] celestiais.
[18] Mt 5:46-48 Pois, se amardes os que vos amam,
que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? 47 E, se saudardes
unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também
assim? 48 Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que [está] nos
céus.
[19] Rm 5:5 E a esperança não traz confusão,
porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo
que nos foi dado.
[20] Jo 5:14 Depois Jesus encontrou-o no templo, e
disse-lhe: Eis que já estás são; não peques mais, para que não te suceda alguma
coisa pior.
[21] Jo 8:11 E ela disse: Ninguém, Senhor. E
disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais.
[22] Mt 4:17 Desde então começou Jesus a pregar, e a
dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.
[23] At 3:19
Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos
pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor,
[24] Mt 5:31-32 Também foi dito: Qualquer que deixar
sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. 32 Eu, porém, vos digo que qualquer que
repudiar sua mulher, a não ser por causa de fornicação, faz que ela cometa
adultério, e qualquer que casar com a repudiada comete adultério.
[25] Jo 8:44 Vós tendes por pai ao diabo, e quereis
satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não
se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira,
fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.
[26] Lc 4:18-21 O Espírito do Senhor é sobre mim,
pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados
de coração, 19 A pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista aos
cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor.
20 E, cerrando o livro, e tornando[-o] a dar ao ministro, assentou-se; e os
olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. 21 Então começou a dizer-lhes:
Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos.
[27] 1 Jo 3: 8 Quem comete o pecado é do diabo;
porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou:
para desfazer as obras do diabo.
[28] Mt 27: 14 Jesus, entretanto, mantinha-se em
absoluto silêncio; e, por isso, ficou o governador fortemente impressionado.
[29]
Mt 27:22-24 Disse-lhes Pilatos: Que farei então de Jesus, chamado Cristo?
Disseram-lhe todos: Seja crucificado. 23 O presidente, porém, disse: Mas que
mal fez ele? E eles mais clamavam, dizendo: Seja crucificado. 24 Então Pilatos,
vendo que nada aproveitava, antes o tumulto crescia, tomando água, lavou as
mãos diante da multidão, dizendo: Estou inocente do sangue deste justo.
Considerai [isso].
[30] Lc 7:34-35 Veio o Filho do homem, que come e
bebe, e dizeis: Eis aí um homem comilão e bebedor de vinho, amigo dos
publicanos e pecadores. 35 Mas a sabedoria é justificada por todos os seus
filhos.
[31] Mt 26:55 E naquele mesmo instante Jesus se
dirige às multidões indagando-lhes: “Lidero Eu algum tipo de rebelião, para que
venham contra mim com espadas e porretes e me prendam? Pois todos os dias
estive ensinando no templo e vós não me prendestes!
[32]
Jo 19:10-11 Então Pilatos o advertiu: “Tu te negas a responder-me? Não sabes que eu
tenho autoridade para te libertar e poder para te crucificar? 11 Ao que Jesus
lhe afirmou: “Não terias qualquer poder sobre mim, se não te fosse dado de
cima. Por isso, aquele que me entregou a ti é culpado de um pecado ainda
maior.”
[33] Jo 18: 23 E Jesus respondeu ao guarda: “Se Eu
disse algo de mal, revela o mal. Mas se disse a verdade por que me agrediste?”
[34] Mt 8:4 Em seguida, disse-lhe Jesus: “Veja que
não digas isto a ninguém, mas segue, mostra teu corpo ao sacerdote, e faze a
oferta que Moisés ordenou, para que sirva de testemunho.”
[35]
Ef 2: 10 Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as
quais Deus preparou para que andássemos nelas.
[36] Is 45:7-8 7 Eu formo a luz, e crio as trevas;
eu faço a paz, e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas cousas.8 Destilai
vós, céus, dessas alturas, e as nuvens chovam justiça; abra-se a terra, e
produza-se salvação, e a justiça frutifique juntamente; eu, o SENHOR, as criei.
[37] Is 5: 20 Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem
mal: que fazem da escuridade luz, e da luz escuridade; e fazem do amargo doce,
e do doce amargo!
[38] Tg 1: 27 A devoção (religião) pura e imaculada
para com Deus, o pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas
tribulações (angústias, ou aflições penosas) e guardar-se da corrupção do
mundo. (conservar-se sem mancha alguma do mundo).
[39] Ec 12:13-14 De tudo o que se tem ouvido, o fim [é]:
Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque este [é o dever de] todo o
homem.14 Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, e [até] tudo o que está
encoberto, quer [seja] bom quer [seja] mau.
[40]
Mc 12:32-34 32 E o escriba lhe disse: Muito bem, Mestre, e com
verdade disseste que há um só Deus e que não há outro além dele; 33 e que
amá-lo de todo o coração, e de todo o entendimento, e de toda a alma, e de
todas as forças e amar o próximo como a si mesmo é mais do que todos os holocaustos
e sacrifícios. 34 E Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe:
Não estás longe do Reino de Deus. E já ninguém ousava perguntar-lhe mais nada.
[41] 1 Tm 6: 10
Porque o amor do dinheiro (cobiça das riquezas; avareza) é a raiz de toda espécie
de males; e nessa cobiça (apetecendo) alguns se desviaram da fé e se
traspassaram a si mesmos com muitas dores.
[42] Mt 6:24 Ninguém pode servir a dois
senhores; pois odiará um e amará o outro, ou será leal a um e desprezará o
outro. Não podeis servir a Deus e a Mâmon.
[43]
Rm 2:14-15 De fato, quando os gentios que não têm Lei, praticam naturalmente o que
ela ordena, tornam-se lei para si mesmos, muito embora não possuam a Lei; 15
pois demonstram claramente que os mandamentos da Lei estão gravados em seu coração.
E disso dão testemunho a sua própria consciência e seus pensamentos, algumas
vezes os acusando, em outros momentos lhe servindo por defesa.
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